Paulo Guedes: reforma administrativa em ano eleitoral
Em almoço com empresários, o ministro da Economia fala que o governo espera avançar com as reformas, especialmente a administrativa, em 2022
Num almoço com clima de confraternização de final de ano, o ministro Paulo Guedes disse a empresários em São Paulo que o governo espera avançar com as reformas, especialmente a administrativa, em 2022, mesmo sendo ano de eleição presidencial. Na avaliação do ministro, uma reforma que reduza supersalários seria bem avaliada pela população e pode ser um indutor de votos, avaliou Guedes diante dos empresários.
— Há uma convicação política de em que ano de eleição não se faz reforma, não se faz nada. E o recado que recebi da classe empresarial é vamos prosseguir com as reformas. Essas reformas ajudam o Brasil a crescer e trazem votos. E houve uma ênfase na reforma administrativa, a mais pedida — disse Guedes, na saída do encontro.
Segundo o colunista do Globo, Lauro Jardim, Guedes também falou de política e sobre a ascensão de um candidato da chamada terceira via, alternativa entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva no pleito do ano que vem. O ministro, segundo o colunista, fez uma previsão sobre uma possível vitória do candidato do Podemos, Sergio Moro.
— Se vocês acham que a gente vive um período de Guerra Fria entre governo e Congresso, aguardem. Se o Moro vencer a eleição vai ser uma guerra nuclear. Ou eles botam o Moro pra fora ou o Moro fecha o Congresso — disse Guedes durante o encontro.
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Guedes também falou que a alta da inflação, que em novembro atingiu 10,74% no Brasil, nos últimos 12 meses, é um fenômeno mundial.
— A crise é mundial, a inflação subiu no mundo inteiro. É a maior inflação dos últimos 40 anos nos Estados Unidos . É uma guerra. Todos empresários deram relatos de seus setores. E todos são resilientes e estão melhorando — afirmou Guedes.
O ministro ouviu uma avaliação positiva feita pela Eurasia Group, consultoria política, reconhecendo o seu esforço durante a pandemia, mas ouviu que algumas reformas precisam ser feitas ano que vem, revelou o anfitrião João Camargo, fundador do grupo Esfera.
Segundo um dos participantes do encontro, o ministro afirmou que a reforma administrativa esbarra em lobbies fortes de alguns setores do funcionalismo público. Mas ele acredita que seja possível avançar com o apoio do Congresso.
Nesta semana, entretanto, grupos de sindicatos que representam funcionários públicos fizeram um protesto em frente a residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para pressionar o deputado contra a PEC 32, que trata da reforma administrativa.
O almoço aconteceu na casa do empresário João Carlos Camargo, fundador do grupo Esfera, no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Participaram do encontro nomes como Abílio Diniz, da empresa de investimentos Peninsula Participações e acionista do Carrefour, o banqueiro André Esteves, do BTG, André Schwartz, presidente do banco Genial, Candido Pinheiro, dono da Hapvida, Eugenio Matar, sócio da localiza, Flavio Rocha, da Riachuelo, o empresário Lirio Parisotto e Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, entre outros.
Enre os empresários que integram o grupo Esfera é consenso que a reforma administrativa é a oportunidade de modernizar o Estado, criando ferramentas que possam avaliar e valorizar os servidores, reconhecendo o bom desempenho. Um dos presentes, avaliou que a aposta de Guedes é ousada num cenário de eleições.
Mas disse que se o Brasil conseguir avançar nessa reforma, pode criar uma máquina pública enxuta e ágil, aumentando a produtividade do setor público. O empresário, entretanto, tem dúvidas sobre o apoio do Congresso.
No final do dia, Guedes tinha reunião com representantes do grupo Coalizão Indústria, grupo que representa 15 associações setoriais que somadas respondem por 45,% do PIB da indústria no país, de setores como automóveis, plástico, construção civil, aço entre outros.
O ministro costuma se reunir com esse grupo frequentemente para discutir questões como competitividade e a conjuntura econômica. No último encontro do grupo, em outubro passado, por uma teleconferência, Guedes tinha pedido ao grupo sugestões para estimular as exportações.