Pedido de Mantega põe em risco eleição de brasileiro para o BID
Ilan não é identificado nem com Bolsonaro e nem com Lula, o que o credenciava para o cargo
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega enviou carta à Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e aos governos do Chile, Colômbia e Argentina pedindo para adiar a eleição para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), marcada para o dia 20 de novembro.
Na carta, Mantega diz falar em nome do novo governo e que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, gostaria de indicar outro candidato, de acordo com pessoas que tiveram acesso ao documento.
No mês passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou o economista e ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, como o candidato do Brasil para presidir o BID.
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Havia chances claras pela primeira vez nos 59 anos de história do BID do Brasil ter o comando da instituição, responsável por US$ 12 bilhões em empréstimos para prefeituras, estados e governos na América Latina. A instituição também oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.
Dividido, o PT resiste à indicação de Ilan, um dos economistas mais respeitados do país. Ilan não é identificado nem com Bolsonaro e nem com Lula, o que o credenciava para o cargo. O Tesouro dos Estados Unidos havia indicado o apoio a Ilan, o que deixava o caminho mais fácil. Os EUA são o maior acionista do BID, com 30% do capital (e dos votos). O Brasil tem outros 11%.
O mandado é de cinco anos, prorrogáveis por mais cinco.
Economista de 56 anos, ex-presidente do Banco Central (2016 a 2019), Ilan atualmente é diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (licenciado para atuar em sua campanha e esta entrevista retrata apenas a sua opinião pessoal).
Em entrevista ao Globo no fim de semana, ele afirmou que vencer a disputa no próximo dia 20 seria uma forma do país resgatar sua vocação de líder da América Latina e, ao mesmo tempo, um sinal de pacificação do país, após uma polarização política que levou à eleição mais disputada desde a redemocratização.
Composição do BID
Atualmente, o BID é conduzido por Reina Irene Mejía, presidente interina. Mauricio Claver-Caron foi demitido do cargo em setembro, após uma investigação concluir que ele teve um relacionamento com uma funcionária e autorizou dois aumentos do salário dela, violando o código de ética da instituição.
O presidente do BID é eleito pela Assembleia de Governadores, na qual cada um dos 48 países membros é representado por seu governador. Para ser eleito, o candidato deve obter a maioria dos votos dos países membros.
O poder de voto varia de acordo com o número de ações detidas por cada país membro do BID. O candidato vencedor também deve ter o apoio de pelo menos 15 dos 28 países regionais.