Tributação

Pedido de vista adia votação de projeto que aumenta tributação da alta renda no Senado

Fazenda tem pressa para aprovar propsota, que pode levantar R$ 20 bi

Plenário do SenadoPlenário do Senado - Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou nesta terça-feira a votação do projeto de lei que muda a tributação da alta renda, em fundos de investimento no exterior (offshore) e exclusivos. O adiamento foi feito por um pedido de vista da oposição.

O projeto ainda precisará passar plenário da Casa depois de ser aprovado na CAE. O Ministério da Fazenda prevê arrecadar R$ 20 bilhões com a proposta no ano que vem. A medida faz parte do pacote de Fernando Haddad para aumentar a receita e garantir o déficit zero.

O relator Alessandro Vieira (MDB-SE) não realizou modificações substanciais no texto que veio da Câmara dos Deputados. Com isso, o projeto poderá seguir direto para a sanção presidencial, se aprovado, sem precisar voltar para análise dos deputados.

— Nossa expectativa é para uma tramitação rápida. A Fazenda vê como demanda de urgência a aprovação do projeto. Apenas as mudanças redacionais foram discutidas com a Fazenda. Acho que será uma aprovação com quórum facilitado. É um projeto que busca a justiça tributária, na medida em que traz para a arrecadação aqueles que estavam afastados, é um projeto justo — disse Alessandro Vieira.

A proposta tributa os investimentos fora do país a uma taxa de 15%, que deverá ser paga uma vez ao ano. Para os fundos exclusivos, a taxa será de 15% em aplicações de longo prazo e 20% para fundos de curto prazo. Nesta modalidade, a cobrança ocorrerá duas vezes ao ano.

Os investidores também precisarão pagar o imposto sobre a aplicação acumulada nos fundos, chamada de estoque. Para aqueles que fizerem o pagamento antecipado, até dezembro deste ano, a taxa será de 8%. Quem deixar o pagamento do estoque para 2024, será cobrado com o valor total do tributo, em 15%.

Alessandro Vieira destaca que o tema de tributação dos super-ricos voltará a ser pautado por senadores e deputados após a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária.

— Na reforma tributária, foi colocado um prazo para apresentação de projeto sobre renda e patrimônio, 90 dias após a promulgação da PEC. Imagino que as taxas permaneçam as mesmas, mas você vai avançar e combinar a tributação de renda e patrimônio com a redução da oneração da folha de pagamento. Acredito que o governo vai apresentar isso após a reforma.

Esses investimentos especiais dos super-ricos não têm, hoje em dia, a cobrança do chamado come-cotas, imposto que recai periodicamente sobre aplicações financeiras, apenas quando há resgate de valores.

Os fundos de investimentos exclusivos do agronegócio e imobiliários, com 50 participantes ou mais, continuam com isenção de imposto come-cotas, como é hoje. A manutenção da isenção para os fundos com menos cotistas, porém, teria uma condição: pessoas da mesma família, com CPFs interligados até parentesco de segundo grau, não podem ter juntos mais de 30% das cotas do fundo.

Veja também

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor
Taxa de juros

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed

Newsletter