O potencial do combustível sustentável em Pernambuco
Para estimular estudos sobre a aplicação do combustível sustentável para aviação no Estado, o Sindaçúcar-PE iniciou um préprojeto na área
O combustível sustentável de aviação (SAF, sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel), substituto do querosene de aviação (QAV) na transição energética, apresenta grande potencial de consumo em Pernambuco, com as demandas dos aeroportos do Estado, principalmente, o Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre.
Para estimular o desenvolvimento de estudos sobre a aplicação do SAF no Estado, com o etanol como alternativa para o setor de aviação, o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) iniciou um pré-projeto na área.
“O Estado de Pernambuco tem um potencial na área dos combustíveis renováveis limpo para aviação extremamente consistente. O objetivo é substituir o querosene de aviação por mecanismos da natureza do SAF que são os combustíveis limpos. No Brasil, isso pode vir de duas rotas principais: uma rota HEFA, com óleos vegetais, e uma rota ATJ, que é o álcool para jato, no caso o etanol”, afirmou o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha.

Segundo Cunha, o Brasil tem quantidade suficiente de etanol para abastecer a demanda da aviação.
“O Brasil é autossuficiente no consumo de etanol, exporta etanol e terá etanol para abastecer essa necessidade dos combustíveis de aviação”, disse.
Ele ressaltou que, no Estado, o potencial de produção para fornecimento de etanol existe, o que pode ser um diferencial, com mais renda, empregos e tributos.
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Diálogo
Para avançar nas pesquisas, o Sindaçúcar-PE está em diálogo com diferentes entes, como o Governo Federal, por meio dos ministérios de Portos e Aeroportos e Minas e Energia; o Governo do Estado, a partir da secretaria de Desenvolvimento Econômico, e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Nas próximas semanas, Renato Cunha terá uma reunião na Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico.
“Iremos propor apoio para realizarmos estudos compartilhados com o Governo do Estado para que se lance em Pernambuco essa base do SAF para substituir o QAV dentro das rotas tecnológicas já aprovadas, como a ATJ”, explicou Renato Cunha.
Anteriormente, o Sindaçúcar-PE também realizou uma audiência com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. No encontro, o ministro considerou fundamental unir a cadeia produtiva do etanol no projeto SAF, que integra a Lei do Combustível do Futuro (14.993/2024).
Outra reunião com o ministro, desta vez para entender as regras de certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), também está nos planos.
“Além do CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), que faz esse disciplinamento internacional, no Brasil já existe a resolução 496 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que verifica dados de emissão de CO2 relativos ao transporte aéreo internacional. A Anac é responsável por criar um plano de monitoramento dessas emissões e tem feito esse trabalho desde 2019”, destacou Renato.
Consumo
Em Pernambuco, as vendas de querosene de aviação, que será substituído pelo SAF, totalizaram, em 2024, mais de 300 milhões de litros, tornando o Estado o quarto maior consumidor do Brasil, ficando atrás apenas do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.
No País, são quase 7 bilhões de litros consumidos. O consumo é superior em relação a estados como Minas Gerais, Paraná, Ceará e Bahia, por exemplo.
“O Aeroporto dos Guararapes é um aeroporto moderno, com bons níveis de tecnologia, e faz vários voos nacionais e internacionais. A gente sabe que o aeroporto tem um hub da Azul que tem sido um diferencial favorável desde fevereiro de 2016”, reiterou Renato.