Petrobras já discutia queda no preço dos combustíveis antes de cobrança pública de ministro
Dados da Abicom mostram que gasolina e diesel vendidos pela estatal estiveram com preços maiores em relação ao exterior nos últimos dias
O atual imbróglio envolvendo o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, começou há duas semanas. Em uma reunião com representantes do governo, realizada na semana passada, Prates teria acenado com uma possível queda no preço dos combustíveis em breve.
Na conversa, informal, Prates disse que a estatal "teria boas notícias" em breve. Foi exatamente há duas semanas que o preço do petróleo no mercado internacional, que estava em cerca de US$ 73 por barril, caiu abaixo de US$ 78. Movimento semelhante ocorreu com o dólar, que passou de R$ 4,94 e chegou a R$ 4,86.
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Dias depois da reunião as declarações do ministro de Minas e Energia de que a Petrobras deveria baixar os preços pegou de surpresa Prates, os conselheiros da estatal e a diretoria da companhia. Silveira chegou a falar em "puxar a orelha" da Petrobras, o que azedou ainda mais o clima em uma relação já conturbada.
Segundo duas fontes ouvidas pelo Globo, Silveira quer mostrar que "manda" na Petrobras. Por outro lado, parte dos conselheiros e diretoria vêm reforçando a argumentação de que a estatal é "vinculada administrativamente ao ministério, mas não subordinada".
Porém, a redução dos preços, dizem as fontes, não chegou a ser retirada da pauta da companhia, pois há um entendimento de que já é possível reduzir os preços. Dados da Abicom, que reúne os importadores, apontam que, embora haja volatilidade, os valores cobrados pela estatal no Brasil nos últimos dias estão maiores que os do exterior.
A última queda nos preços anunciada pela estatal foi no dia 21 de outubro, quando o valor do litro do diesel nas refinarias caiu de R$ 3,80 para R$ 4,05. Na gasolina, o preço passou de R$ 2,93 para R$ 2,81.
O tema poderá ser abordado amanhã durante a reunião do Conselho de Administração da estatal, que vai deliberar sobre o novo plano de negócios da estatal, que deverá ter investimentos superiores a US$ 100 bilhões.
Na última sexta-feira, em entrevista à GloboNews, Silveira falou em “puxar a orelha” da companhia. Dias depois, Prates, em uma rede social, disse que, se o MME quiser “orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente”, será necessário seguir tanto a Lei das Estatais e as regras do Estatuto Social da companhia.