Negócios

Petrobras: lucro líquido cai 47%, para R$ 28,782 bilhões no segundo trimestre

É ainda o primeiro resultado da empresa após a divulgação da nova política de preços dos combustíveis

PetrobrasPetrobras - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 28,782 bilhões no segundo trimestre deste ano. O resultado representa uma queda de 47% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os ganhos chegaram a R$ 54,3 bilhões.

Analistas projetavam lucro líquido entre R$ 23 bilhões e R$ 24 bilhões entre os meses abril e junho. Eles lembraram que no ano passado o ganho foi turbinado pelo elevado preço do barril do petróleo no mercado internacional ao longo do segundo trimestre de 2022, quando estava cotado a US$ 113,78. Além disso, o lucro em 2022 foi influenciado positivamente pelo ganho de capital de R$ 14,2 bilhões referente ao acordo de coparticipação em Sépia e Atapu, no pré-sal.

Assim, com o resultado no segundo trimestre deste ano, a Petrobras acumulou lucro líquido de R$ 66,938 bilhões no primeiro semestre deste ano. É também 32% menor que o registrado nos primeiros seis meses do ano passado, de R$ 98,891 bilhões.

É ainda o primeiro resultado da empresa após a divulgação da nova política de preços dos combustíveis, anunciada em meados de maio deste ano. Na ocasião, a estatal abandonou a chamada PPI (paridade de importação), quando os preços eram balizados pelas cotações do petróleo e do dólar.

Em seu lugar, a estatal passou a adotar uma fórmula que leva em conta os custos internos de produção, que consideram capacidade de refino e logística, os preços de importação e exportação de petróleo e derivados, além do chamado "custo alternativo do cliente", que contempla as principais alternativas de suprimento de fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos.

Desde que a nova política entrou em vigor, analistas questionam os preços dos combustíveis vendidos pela estatal, que estão abaixo das cotações internacionais desde meados de maio. Nesta quinta-feira, segundo a Abicom, que reúne os importadores, a estatal vendia gasolina no Brasil com preço 20% abaixo do exterior. No caso do diesel, a defasagem é de 24%.

Baixa contábil em refinaria

Com a queda do preço do petróleo, a receita de vendas caiu 33,4% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, passando de R$ 170,9 bilhões para R$ 113,8 bilhões. A média do preço do brent no período passou de US$ 113,78 para US$ 78,39.

"A receita com derivados no mercado interno caiu 13% no segundo trimestre em decorrência da redução média de 17% nos preços de derivados, acompanhando a queda de preços internacionais. Este efeito foi parcialmente compensado por maiores volumes, com destaque para a maior competitividade da gasolina frente às principais alternativas de suprimento dos nossos clientes", disse a Petrobras.

Área de refino tem queda na receita

Assim, além do menor valor do petróleo, a estatal atribuiu a redução do lucro a queda de mais de 40% na diferença entre o preço do diesel no mercado em relação ao preço do brent (o chamado crack spread) e as maiores despesas operacionais, com destaque para despesas com impairment (baixa contábil) de R$ 1,9 bilhão da segunda unidade da Rnest e baixas tributárias, com impacto de R$ 600 milhões em decorrência do imposto sobre a exportação de petróleo.

Na área de "refino, transporte e comercialização", a receita de vendas caiu 33,7% no segundo trimestre deste ano, passando de R$ 157,4 bilhões, no início de 2022, para os atuais R$ 104,3 bilhões. O lucro bruto da área teve baixa de 66,2%, para R$ 8,6 bilhões. A estatal disse que o recuo ocorreu por conta do preço do diesel no exterior.

Dívida e investimentos sobem

A dívida bruta da companhia chegou a US$ 57,9 bilhões, alta de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, isso ocorreu em função do aumento dos arrendamentos com a entrada em operação dos FPSOs afretados Anna Nery e Almirante Barroso, que acrescentaram US$ 5,2 bilhões no passivo de arrendamentos da companhia.

Os investimentos da estatal somaram US$ 3,241 bilhões, alra de 5,5% ante mesmo período do ano passado.

Alta nas importações e queda na produção

Na semana passada, a estatal divulgou seu relatório de produção. O total comercial chegou a 2,312 milhões de barris de óleo e equivalente por dia, uma queda de 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A produção de gasolina teve aumento de 7,4% ante mesmo período de 2022. Em junho, a produção de gasolina foi de 421 mil barris ao dia, melhor resultado desde 2014. A produção de diesel cresceu 9,7% no mesmo período.

No período, a estatal elevou as importações de gasolina. A Petrobras também disse que suas importações tiveram alta de 642,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022, passando de 7 mil barris por dia (Mbpd) para 52 mil Mbpd. No primeiro semestre, o avanço foi de 228,6%. Para analistas, a estatal estaria aumento a compra no exterior para evitar um risco de desabastecimento, já que os importadores vêm reduzindo suas atividades.

Veja também

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês
Dólar

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee
Falha no sistema

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Newsletter