Petrobras: mercado está de olho em retorno sobre investimentos
Estatal anunciou plano estratégico de US$ 102 bilhões para os anos de 2024 a 2028
A expectativa de produção e o retorno sobre os investimentos em renováveis estão entre as principais preocupações do mercado financeiro após a apresentação do plano de negócios de US$ 102 bilhões da Petrobras para os anos de 2024 a 2028.
Para os analistas, o planejamento estratégico ajudou a eliminar as desconfianças que pairavam sobre a empresa sob a gestão de Jean Paul Prates.
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O Goldman Sachs, por exemplo, destacou que, embora a empresa tenha a previsão de 14 novas plataformas, das quais dez já contratadas, a expectativa de produção de 2,2 milhões de barris por dia nos próximos dois anos, é conservadora.
O Goldman disse que os números apresentados pela estatal vieram em linha com as expectativas do mercado, e o anúncio do plano estratégico eliminou algumas desconfianças sobe o preço das ações. O banco manteve a recomendação de compra dos papéis da estatal.
A XP também destacou conservadorismo na curva de produção da empresa, que hoje é de 2,3 milhões de barris por dia, "apesar de dois novos FPSOs (plataformas) serem iniciados até ano que vem". A XP acredita que a produção da companhia pode oscilar entre 2,3 a 2,35 milhões de barris diários.
A Genial também falou sobre as perspectivas de produção. "Apesar do grande volume e qualidade produtiva dos campos do pré-sal, as taxas de declínio dos demais campos não dão muito espaço para surpresas no sentido da produção geral – exceto uma muito bem sucedida campanha exploratória dos campos da Margem Equatorial, com produções muito surpreendentes para 2028 e diante (o que ainda é muito cedo para afirmarmos qualquer coisa)".
Dúvidas também sobre os investimentos em renováveis. Para a Genial, é preciso atenção aos US$11 bilhões para investimentos em análise pela estatal que devem, segundo a instituição financeira, ser direcionados a aquisições nos segmentos de energias renováveis, refino e petroquímica.
"É um dos pontos sensíveis tendo em vista as eventuais avaliações dos ativos e sinergias com as atuais operações da empresa", explica a Genial. Segundo a Genial, no caso de possíveis alvos de aquisição no segmento de energia renovável com a taxa mínima de atratividade de 8% "vai ser razoavelmente desafiador, tendo em vista principalmente o volume de investimentos esperados da empresa".
A empresa explicou que do total, US$ 91 bilhões correspondem a projetos em implantação e US$ 11 bilhões são compostos por projetos em avaliação "sujeitos a estudos adicionais de financiabilidade antes do início da contratação e execução"
A XP, por sua vez, disse que a companhia deu melhor visibilidade sobre os retornos sobre os projetos, que chega a 23% no caso de exploração e produção (E&P), além de 14% em refino, transporte e comercialização.
"A empresa defendeu a escolha de investir mais recursos fora de E&P com base na diversificação do portfólio, na redução de riscos e volatilidade dos resultados, bem como na perenidade (escolhendo novos caminhos de crescimento para substituir o petróleo e gás em função da transiçao energética)".
Do total dos recursos, o segmento de exploração e produção (E&P) representa 72% do total - com foco para o pré-sal. Além disso, o plano contempla 16% do total do plano para "refino, transporte e comercialização", além de 9% do total para "gás, energia e baixo Carbono".
Segundo a estatal, serão US$ 11,5 bilhões para projetos de baixo carbono nos próximos cinco anos, como em biorrefino, eólicas, solar, hidrogênio e captura de carbono.