Petrobras quer vender fatias de Braskem e Gaspetro em Bolsa
Ele disse ainda que a estatal recebeu, em média, cinco ofertas não vinculantes por cada refinaria
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou nesta quarta (11) que a empresa pretende vender em Bolsa suas fatias na petroquímica Braskem e na Gaspetro, empresa que participa de distribuidoras estaduais de gás canalizado.
Ele disse ainda que a estatal recebeu, em média, cinco ofertas não vinculantes por cada refinaria do primeiro lote de quatro unidades postas à venda. As ofertas finais, porém, só deverão ser entregues no início de março de 2020.
Até 2024, a empresa prevê arrecadar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões (cerca de R$ 82 a R$ 123 bilhões, pela cotação atual) com a venda de ativos, segundo plano de negócios anunciado na semana passada. A Braskem não está incluída nesse valor.
Castello Branco disse que a ideia é oferecer as ações das empresas em Bolsa ainda em 2020. A Petrobras tem 30% da Braskem e 51% da Gaspetro. O executivo reconheceu, porém, que os planos da estatal enfrentarão resistência dos sócios.
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No caso da Braskem, a Petrobras tem mais pressa para se desfazer do ativo do que a sócia Odebrecht, que falou em três anos. "Nós somos 100% opostos a essa ideia. Nessa concepção, parece ideia de quem não quer vender nada", disse o presidente da estatal.
"Foi-se o tempo em que eles [Odebrecht] mandavam na Petrobras", afirmou o executivo, em café da manhã com jornalistas na sede da empresa.
A Petrobras quer encerrar o acordo de acionistas com a Odebrecht e mudar todas as ações da Braskem para ordinárias, com direito a voto, com o objetivo de melhorar a governança e elevar o valor da petroquímica em Bolsa.
No caso da Gaspetro, a Petrobras enfrentará resistência da japonesa Mistui, que comprou 49% da empresa em 2015. "A Mitsui tem preferência por participações minoritárias", disse Castello Branco. A Gaspetro tem participação em 19 distribuidoras estaduais de gás.
A venda da fatia na empresa respeita ainda acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que determina a saída da estatal dos segmentos de distribuição e transporte de gás natural.
O presidente da Petrobras diz que a opção por vender as ações em Bolsa é "mais democrática e mais transparente". O modelo foi usado na venda do controle da BR Distribuidora, por meio de duas operações, em 2017 e 2019, que reduziram a fatia estatal a 37,5%.
O plano de venda de ativos para os próximos cinco anos inclui, além das refinarias e da Gaspetro, usinas térmicas, campos de petróleo, gasodutos marítimos e ativos na América do Sul. Podem ser incluídos ainda a Braskem, nova venda de ações da BR e ativos na Bolívia.
Os processos de venda das refinarias já foram iniciados. "Recebemos várias e boas propostas", afirmou Castello Branco nesta quarta. "Eu diria que, em média, cinco propostas por refinaria", disse, referindo-se às quatro primeiras unidades postas à venda - no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Pernambuco e na Bahia.
O processo, porém, está ainda em fase de análise, pelos interessados, das informações financeiras e operacionais de cada unidade. A estatal agendou para 6 de março o prazo para receber as propostas firmes.
A empresa defende a venda de ativos como maneira de levantar recursos para reduzir suas dívidas e investir nos campos gigantes do pré-sal. Para os próximos cinco anos, prevê instalar 13 novas plataformas de produção de petróleo.
Duas serão no campo de Búzios, a maior descoberta de petróleo do país e principal área oferecida no megaleilão do pré-sal, em novembro. A área já tem quatro plataformas em operação e, de acordo com o diretor de Exploração e Produção da companhia, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, terá 12 no total.
No leilão de novembro, consórcio formado pela Petrobras e pelas chinesas CNOOC e CNODC se comprometeram a pagar bônus de R$ 68,2 bilhões pelo direito de explorar a totalidade das reservas no campo.