PIB do 3º trimestre será conhecido hoje: veja o desempenho da economia esperado pelo mercado
Expectativa de analistas é uma desaceleração no período entre julho e setembro, cujos números o IBGE divulga nesta terça-feira
O Produto Interno Bruto (PIB) -- a soma de todas as riquezas produzidas em bens e serviços no país -- do 3º trimestre será conhecido na manhã desta terça-feira. A divulgação do número oficial do IBGE é aguardada pelos analistas de mercado com um viés negativo.
A maior parte dos economistas projetam desaceleração do crescimento da economia para 1,8% no período entre julho e setembro sobre mesmo trimestre do ano passado. No segundo trimestre, o crescimento foi de 3,4% nessa comparação com o mesmo período de 2022.
Já na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o mercado projeta retração de 0,3% no terceiro sobre o segundo, quando a economia havia crescido 0,9% ante o primeiro.
-- A agricultura e a pecuária provavelmente apagaram parte do avanço de 20% visto no 1º semestre -- diz Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.
Analistas ouvidos pelo blog da colunista Míriam Leitão, do Globo, também apontaram a contribuição negativa do agro para prever um pequeno recuo da economia no terceiro trimestre, entre 0,1% e 0,2%.
Em entrevista ao colunista do Globo Alvaro Gribel, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, previu que o IBGE vai divulgar hoje uma queda do PIB em torno de 0,5% no terceiro trimestre.
-- A economia teve três anos de crescimento mais forte, puxado principalmente pela alta das commodities. Agora, já começamos a ver a desaceleração, a partir desse dado do terceiro trimestre. Como o mercado de trabalho reage sempre depois, ainda veremos esse número bom em outubro. Em 2024, no entanto, o emprego também deve começar a desacelerar -- sintetizou o economista.
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O dado do PIB de hoje pode ajudar os analistas a calibrarem as apostas sobre a taxa básica de juros, a Selic. Boa parte do mercado vê na desaceleração da economia um sinal de que o controle da inflação está consolidado e que a Selic pode cair para algo perto de 9,5% até o fim de 2024.
As projeções medianas do mercado para a inflação neste e no próximo ano têm se estabilizado, segundo o Boletim Focus, do Banco Central. Na edição de ontem, a previsão foi de 4,54% em 2023. Para 2025, a projeção mediana é de 3,92%. Ambas estão dentro do limite máximo da meta (3,25% em 2023 e 3% em 2024, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo) e subiram 0,1 ponto percentual em relação à sondagem da semana passada.
A estimativa para o PIB em 2023 também se manteve estável, nos mesmos 2,84% para 2023 da semana passada. Para 2024, a expectativa é de um avanço mais modesto do PIB brasileiro: 1,5%.
Governo reduziu previsão para o ano
Há duas semanas, o Ministério da Fazenda reduziu as projeções de crescimento para o PIB de 2023 e de 2024. Para este ano, o número caiu de 3,2% para 3%. A mudança ocorre em função de uma expectativa mais baixa de crescimento para o terceiro trimestre, que caiu de 0,1% para zero. Para 2024, a redução foi de 2,3%, para 2,2%.
Segundo o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, o cenário interno ainda é de uma economia resiliente, apesar do aumento das incertezas do cenário externo.
Ele apontou o mercado de trabalho com desemprego em queda, melhora da concessão de crédito, como efeito do programa Desenrola, e redução das curvas de juros. A revisão para baixo, contudo, reflete os números piores do terceiro trimestre deste ano, que deve ficar estagnado, pela projeção da pasta.
— De forma geral, o Brasil foi menos afetado pelas incertezas no ambiente internacional que vários de seus pares internacionais — afirmou o secretário.