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Economia

PIB do Brasil cai 4,1% em 2020, e recuperação desacelera para 3,2% no último trimestre

Essa é a maior contração desde 1996

Moeda realMoeda real - Foto: Agência Brasil

A economia brasileira registrou em 2020 contração recorde de 4,1%, resultado do impacto econômico gerado pela pandemia do novo coronavírus, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
 
Esse é o maior recuo da série histórica com a metodologia atual, que começa em 1996, superando a retração de 3,5% registrada em 2015. Nas séries anteriores, elaboradas pelo IBGE e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desde 1901, a maior queda havia sido em 1990 (-4,35%).
 
O instituto informou ainda que a recuperação do PIB que havia sido registrada no terceiro trimestre do ano passado perdeu força nos três últimos meses do ano.
 
No quarto trimestre, houve crescimento de 3,2% em relação aos três meses anteriores, quando a expansão havia sido de 7,7%. Na comparação com o mesmo período de 2019, o PIB do período de outubro a dezembro caiu 1,1%.
 
Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam queda de 4,2% no acumulado do ano e crescimento de 2,8% no trimestre, na comparação com o trimestre anterior (-1,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2019).
 
O resultado do ano veio melhor do que o projetado pelo Ministério da Economia, que esperava uma queda de 4,5% para o ano de 2020. Já o Banco Central estimava uma queda de 4,4% para o ano.
 
O PIB per capita recuou 4,8% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 35.172 em 2020.
 
Apesar do crescimento no quarto trimestre, a economia brasileira não voltou ao nível pré-crise. Ainda está 1,2% abaixo do último trimestre de 2019. O resultado também se encontra 4,4% abaixo do pico registrado no início de 2014. Ou seja, ainda não se caracteriza uma recuperação em "V".
 
Os economistas consultados pelo BC no boletim Focus chegaram a apontar contração de quase 7% durante o ano, mas as expectativas se tornaram menos negativas após o Congresso Nacional aprovar o auxílio emergencial e outras medidas de estímulo, que alcançaram patamares equivalentes aos gastos de países desenvolvidos.
 
A redução dos juros para o menor patamar da história recente, o cenário internacional com vários países adotando estímulos e a recuperação nos preços de produtos básicos exportados pelo Brasil também contribuíram para amenizar a queda do PIB.
 
Dados econômicos já divulgados apontam para um PIB ligeiramente negativo ou estável no primeiro trimestre de 2021 e um crescimento no ano ainda insuficiente para recuperar as perdas geradas pela pandemia. Os resultados dependem, principalmente, da evolução da doença e do ritmo de vacinação.
 
Os números do IBGE mostram que o setor mais afetado pela crise são os serviços, que respondem por cerca de dois terços do PIB, principalmente aqueles que dependem do movimento de pessoas, como os segmentos de alimentação e alojamento. O comércio e a indústria já tinham voltado ao patamar pré-crise.
 
O consumo das famílias, apesar da queda, se beneficiou no segundo semestre do ano do aumento do crédito às pessoas físicas, dos programas de apoio do governo e das taxas de juros baixas.
 
Segundo o IBGE, no acumulado do ano, o PIB em valores correntes totalizou R$ 7,4 trilhões. A taxa de investimento foi de 16,4% do PIB, acima do observado em 2019 (15,4%). Já a taxa de poupança foi de 15,0%, ante 12,5% em 2019.
 
Cálculo do PIB
Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB (Produto Interno Bruto), calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais, com objetivo de medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.
 
Ele mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é usualmente chamado de crescimento econômico. O PIB trimestral é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos são consumidos).
 
O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período. O resultado do 4º trimestre traz um dado preliminar do ano fechado. O PIB anual definitivo é apresentado quase 24 meses após o fim do ano (o dado definitivo de 2020 será conhecido em novembro de 2022) e traz também a ótica da renda (soma das remunerações do trabalho e capital, que mostram como cada parte se apropriou da riqueza gerada).


Recessão
Em junho do ano passado, o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), órgão ligado ao FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e formado por oito economistas de diversas instituições, definiu que o Brasil entrou em recessão no primeiro trimestre de 2020, encerrando um ciclo de fraco crescimento de três anos (2017-2019).
 
A expectativa é que a recessão atual seja curta, mas com intensidade recorde, considerando dados dos últimos 40 anos.
 
Não há uma definição oficial sobre o que caracteriza uma recessão. Embora alguns economistas utilizem a métrica de que esse é o período marcado por dois trimestres seguidos de queda na atividade, o Codace considera uma análise mais ampla de dados. Para o comitê, o declínio na atividade econômica de forma disseminada entre diferentes setores econômicos é denominado recessão.

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