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PIB perde fôlego e cresce 0,9% no 2º trimestre, diz IBGE

Resultado foi puxado por serviços e indústria. Agropecuária foi o único setor que caiu, após alta recorde nos três primeiros meses do ano. Desempenho da economia veio acima das projeções

ComércioComércio - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Após o forte crescimento no início do ano, a economia brasileira freou e reduziu o ritmo no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os bens e serviços produzidos no país) cresceu 0,9% ante o primeiro trimestre, abaixo do avanço do 1,8% registrado nos três primeiros meses do ano. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (1°) pelo IBGE.

A freada já era esperada, mas o resultado veio acima das projeções. Pesquisa do jornal Valor sobre as previsões de analistas de instituições financeiras e consultorias apontava para um crescimento de 0,3% sobre o primeiro.

Diferentemente do início do ano, quando um salto no PIB da agropecuária de 21%, o avanço da economia entre abril e junho foi puxado pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%).

Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB, que atingiu o maior patamar da série histórica.

“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro", explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.

Petróleo e minério puxam resultado da indústria
A indústria ficou no campo positivo pelo segundo trimestre seguido, após leve recuo de 0,2% nos últimos três meses do ano passado.

A expansão do segundo trimestre foi impulsionada pela indústria extrativa (1,8%) e da construção (0,7%). Na primeira, os destaques foram a extração de petróleo e gás e a de minério de ferro, produtos relacionados à exportação.

A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a cair (-0,9%). A queda já era esperada, por causa do forte salto do início do ano. E porque a colheita da soja, cuja produção recorde é o carro-chefe da supersafra de grãos deste ano, se concentra mais pelo primeiro do que no segundo trimestre, diz um relatório do Itaú Unibanco, divulgado antes dos dados desta sexta-feira.

"Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca.

Melhora no mercado de trabalho impulsiona consumo
O consumo das famílias avançou 0,9% no segundo trimestre. É a maior alta desde o mesmo período do ano passado (1,6%). Entre outras razões, o IBGE atribui o avanço à melhora no mercado de trabalho - em julho, a taxa de desemprego recuou para o menor nível para o período desde 2014.

Também destaca o crescimento do crédito e medidas como redução de preços de automóveis. Mesmo com os juros elevados, houve crescimento nominal de 12,7% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro para as pessoas físicas, informou o instituto.

Rebeca alerta, porém, que os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis.

"As famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, diz a economista.

O IBGE cita ainda a forte desaceleração da inflação, na comparação do segundo trimestre com igual período de 2022.

Bolsa Família e reajuste do mínimo
Reajustes nos programas de transferência de renda, especialmente o Bolsa Família, e reajuste do salário mínimo a partir de maio, também contribuíram para a expansão do consumo, segundo especialistas.

Apesar da desaceleração, a expectativa para avanço do PIB no ano foi revista para cima na última segunda-feira. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central e que reúne previsões de analistas, a projeção de crescimento para a economia brasileira subiu de 2,29% para 2,31%.

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