Tecnologia

PicPay, fintech da família JBS, aposta no ChatGPT para ganhar participação no mercado

Em parceria com a Microsoft, o aplicativo bancário tem usado a ferramenta para responder perguntas básicas sobre atividades bancárias ou pagamentos futuros

PicpayPicpay - Foto: Divulgação

O PicPay, marketplace financeiro controlado pelo Grupo J&F, dono da JBS, dos irmãos Batista, aposta na inteligência artificial para aumentar o seu apelo na América Latina, em um ambiente com concorrentes de peso, como o gigante Nubank.

Em um dos testes mais ambiciosos para a IA no setor financeiro, o processo de interação de atendimento aos clientes da plataforma é hoje comandado pelo ChatGPT. Em parceria com a Microsoft, o PicPay tem usado a ferramenta para responder a perguntas básicas sobre atividades bancárias ou pagamentos futuros.

Os usuários descobriram que o serviço é mais rápido e tão amigável quanto os agentes humanos, disse o CEO Eduardo Chedid em entrevista.

- Esta é a maior oferta de atendimento ao cliente de IA em operação - disse o CEO, na sede da Bloomberg em São Paulo, acrescentando que, com a nova tecnologia, “você não saberá que não está falando com um de nossos representantes de atendimento ao cliente”.

Uma das fintechs brasileiras mais populares, nascida como uma carteira digital, o PicPay é controlado pela J&F Investimentos e tem 36 milhões de clientes, em um mercado onde os brasileiros costumam usar vários bancos ao mesmo tempo. A empresa afirma ter mais de R$ 13 bilhões em transações por mês e espera aumentar a base de clientes ativos para 45 milhões em três anos.

A Microsoft afirmou que o PicPay é uma das primeiras empresas financeiras a utilizar sua tecnologia de inteligência artificial.

A ideia, segundo Chedid, é agregar todas as informações financeiras do usuário em um só lugar. Por exemplo, diz ele, “você pode pedir à plataforma que some todas as suas despesas relacionadas à escola do seu filho nos últimos seis meses”.

Planos de IPO
Embora a empresa tenha anunciado planos de IPO em 2021, Chedid disse que não tem pressa, em um cenário cujas avaliações de ativos de fintechs se mostram deprimidas.

Nos EUA, a Stripe fechou um acordo na quarta-feira que a avalia em US$ 65 bilhões – US$ 30 bilhões abaixo do valor obtido há três anos, quando o PicPay pretendia uma avaliação de US$ 8 bilhões.

- Não vamos abrir o capital só porque queremos - afirmou o CEO.

A fintech reportou o primeiro lucro, um ganho de R$ 20,4 milhões, no quarto trimestre de 2022. Segundo o CEO, desde então, a empresa permaneceu lucrativa.

O PicPay também tem buscado ampliar seus negócios. O mais recente deles foi a compra da empresa de crédito consignado BX Blue, como forma de ampliar a oferta e depender menos do produto de carteira digital, que responde por 85% de seu faturamento. A meta é reduzir esse número para 50% em três anos, disse Chedid.

O CEO não espera que o PicPay seja a primeira empresa a testar o mercado de IPOs após uma longa seca:

- Não vamos testar a água antes de outros, e provavelmente será uma empresa sediada nos EUA ou um no-brainer.

Fora do mercado de cripto
O PicPay interrompeu suas operações de criptomoedas em outubro, e não há planos de voltar para esse mercado, disse Chedid. Ele acrescentou que a companhia ainda acredita no ativo, mas ainda avalia algumas lacunas regulatórias no Brasil e nos EUA.

A decisão também faz parte da estratégia da empresa de eventualmente abrir o capital.

- Quando as coisas ficarem mais claras com os reguladores americanos e brasileiros, poderemos voltar - afirmou.

O PicPay foi fundado em 2012 e adquirido pelos irmãos Batista em 2015. Os Batista são mais conhecidos como proprietários da JBS, maior fornecedora de carne do mundo. Eles também estiveram no centro de um escândalo de corrupção que abalou o Brasil em 2017, envolvendo dezenas de políticos, quase derrubando uma presidência e enviando brevemente os irmãos Joesley e Wesley Batista para a prisão.

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