Pix: como foi reunião em que Lula determinou recuo em norma da Receita Federal
Presidente e ministros concordaram que os efeitos negativos das fake news do pix não iriam parar de crescer se não houvesse recuo
A bola de neve que virou a repercussão negativa da I nstrução Normativa (IN) da Receita Federal sobre monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix e outros meios como cartão de crédito, motivou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a chamar ministros às pressas no Palácio do Planalto e alterar sua agenda na tarde desta quarta-feira.
A norma da Receita, além de dúvidas, gerou uma onda de fake news sobre a taxação do Pix, o que o texto nunca estabelecia.
Leia também
• Pix: entenda em cinco pontos a crise que levou o governo a revogar norma da Receita
• Pix: governo vai editar MP; veja o que se sabe sobre o assunto
• AGU pedirá inquérito ainda hoje à PF sobre fake news do Pix, diz Jorge Messias
Lula e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira e o chefe da Receita Federal, Robinson Barreirinhas decidiram que era necessário revogar a norma da para conter a sangria do governo e a onda de informações que se alastra nas redes sociais e afeta operações de pix em todo país.
Lula disse aos auxiliares que queria uma forma de acabar com a mentira e tirar combustível da oposição.
Os ministros chegaram ao encontro com Lula irritados com o tamanho da repercussão de um vídeo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). A gravação ultrapassou 100 milhões de visualizações no Instagram e sugere que o aumento da fiscalização das transações poderia representar no futuro a taxação das movimentações via Pix.
— O governo Lula vai monitorar seus gastos. E o Pix não será taxado, mas é sempre bom lembrar… A comprinha da China não seria taxada, mas foi. Não ia ter sigilo, mas teve. Você ia ser isento do imposto de renda, não vai. O Pix não será taxado, mas não duvido que possa sim. Quem mais será afetado por esta medida serão os trabalhadores, que serão monitorados como se fossem grandes sonegadores — diz Nikolas no vídeo.
Com Lula, os ministros também chegaram ao consenso de que era preciso criar uma norma que blinde o pix, sem que esse tipo de transação seja colocado em dúvida pela população. O principal argumento para revogação foi de que, se não houvesse recuo, a oposição iria continuar criando clima de desconfiança sobre o pix.
Na prática, Lula e seu primeiro escalão concordaram que os efeitos negativos não iriam parar de crescer se não houvesse recuo. Outra preocupação é de que, sem a revogação, se ampliasse a quantidade de crimes contra a economia popular.