Pix: atraso na agenda ocorreu para aperfeiçoar a segurança, diz Campos Neto
Adesão ao Pix foi muito maior do que a prevista pelos técnicos da autoridade monetária, disse presidente do Banco Central
Primeiro, o Pix permitiu pagamentos instantâneos a qualquer hora do dia. Depois, vieram outras funcionalidades, como agendamento de transferências e Pix Crédito. Mas a agenda do Pix sofreu atrasos e algumas das novidades previstas sequer foram lançadas ainda.
O motivo? A necessidade de aperfeiçoar a segurança do sistema, confessou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (24).
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Ele disse que a adesão ao sistema de pagamento em tempo real foi muito maior do que a prevista pelos técnicos e, por isso, tomou a decisão de atrasar lançamentos para elevar o nível de segurança nas operações. No entanto, minimizou a importância de vazamentos de dados que já ocorreram:
— Precisamos tomar cuidado com saldo, histórico de compra. Agora, CPF, telefone? A gente usa essas informações como chave. Lembra o que tinha no canhoto do cheque especial? O CPF. Você dava isso para todo mundo e não se preocupava...
E acrescentou:
— É óbvio quando passa a ter 224 milhões de operações por dia, a fraude cresce, mas você não pode comparar os números absolutos. O Pix tem uma fraude a cada 100 mil operações, enquanto o cartão de crédito tem 30.
Atualmente, o Pix é usado por 151,2 milhões de pessoas e 14,6 milhões de empresas em 224,2 milhões de operações por dia, em média.
A participação de Campos Neto no Blockchain in Rio estava prevista para ontem, mas uma mudança na agenda fez com que a sua palestra caísse justamente no período de silêncio por causa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir o rumo da taxa Selic. Antes mesmo de iniciar sua apresentação avisou a plateia: “só vim falar de tecnologia”, o que afirmou ser “um alívio”.
Depois, além de celebrar o sucesso do Pix, o presidente do BC falou sobre os desafios para a viabilização de um sistema instantâneo de pagamentos internacional, incluindo as diferentes regras tributárias entre os países.
De acordo com Campos Neto, é necessário encontrar uma saída já que o sistema não seria capaz de recolher impostos em toda e qualquer transferência.
Ainda contou que trabalha para desenvolver um Super App para os brasileiros, através do qual será possível ter acesso a todas as contas bancárias, às transações de crédito, débito e Pix e, ainda, consultar uma espécie de “consultor financeiro”, desenvolvido por meio de inteligência artificial.
Os projetos, porém, não devem sair do papel até o fim do seu mandato no Banco Central.