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Plano Real: por que o beija-flor virou o símbolo do R$ 1? Conheça a história inusitada

Brasil é um dos poucos países a não homenagear personagens históricos;

Na nota de um real foi usada a gravura do beija-flor, que já estava disponível por ter estampado a cédula de 100 mil cruzeiros, de 1992Na nota de um real foi usada a gravura do beija-flor, que já estava disponível por ter estampado a cédula de 100 mil cruzeiros, de 1992 - Foto: Laizer Fishenfeld e Reprodução/Banco Central do Brasil

Passados 30 anos do lançamento do real, a maioria dos brasileiros já está tão acostumada a ver animas da fauna do país estampando as cédulas da divisa nacional que nem sabe mais como eles foram escolhidos.

Muitos podem até se lembrar do lobo-guará, já que a nota de R$ 200 passou a circular em 2020. Mas e o beija-flor-de-peito-azul, que ilustra a extinta cédula de R$ 1, como foi escolhido?

E por que o Brasil é um dos poucos países a usarem animais da fauna brasileira e não personagens históricos nas suas cédulas?

De acordo com informações do Banco Central do Brasil, a escolha por estampar as cédulas com animais levou em conta a necessidade de que o novo padrão monetário fosse claramente distinto das notas anteriores.

O cruzeiro real, que circulou imediatamente antes do real, já nem trazia mais personagens históricos, era estampada com figuras humanas típicas de determinadas regiões. Até o Plano Real, foram seis trocas de moeda entre os anos 1980 e o início da década de 1990.

Notas de R$50.000,00 e R$ 5.000,00 cruzeiros representavam figuras humanas típicas de determinadas regiões, como a baiana e gaúchoNotas de R$50.000,00 e R$ 5.000,00 cruzeiros representavam figuras humanas típicas de determinadas regiões, como a baiana e gaúcho (Foto: Banco Central do Brasil/Reprodução)

Ecos da Eco-92
Assim, quando o real foi lançado, optou-se por usar a efígie da República em um lado de todas as notas, enquanto o outro lado cada cédula teria a representação de uma espécime da fauna brasileira. Essa temática vinha ao encontro das preocupações da época com a proteção da fauna e da flora nacionais e a preservação do meio ambiente.

O Brasil tinha acabado de sediar a Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que reuniu chefes de estado de diversos países no Rio de Janeiro para debater problemas ambientais mundiais.

Confira abaixo, os animais que estampam cada uma das notas do real e por que foram escolhidos:

Beija-flor-de-peito-azul
As gravuras presentes nas notas são elementos artísticos, e na época precisavam ser entalhados manualmente no metal que serviria de molde para estampar as cédulas, o que demanda muito tempo. Como o prazo para o lançamento do real era curto, foram aproveitadas gravuras que já estavam em desenvolvimento ou que já tinham sido usadas em cédulas anteriores.

Na nota de um real, por exemplo, foi usada a gravura do beija-flor, que já estava disponível por ter estampado a cédula de 100 mil cruzeiros, de 1992.

Cédula de 100 mil cruzeiros, de 1992, com gravura de beija-florCédula de 100 mil cruzeiros, de 1992, com gravura de beija-flor (Foto: Banco Central/Reprodução)

As notas de um real saíram de circulação em 2005, mas continuam na memória de vários brasileiros. O beija-flor-de-peito-azul representado nelas é uma espécie que pode ser encontrada em diversos países da América do Sul, com registros desde a Floresta Amazônica até Santa Catarina.

Tartaruga-de-pente
Quando foram lançadas, em 1994, as cédulas do real contavam com apenas cinco denominações: R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100.

As notas de R$ 2, R$ 20 e R$ 200 foram lançadas depois, em 2001, 2002 e 2020, respectivamente. E usaram posteriormente (2001, 2002 e 2020), e usaram o resultado de uma pesquisa online feita em 2001 para avaliar a preferência do público entre algumas espécies ameaçadas de extinção.

Os mais votados foram, nesta ordem: a tartaruga marinha, o mico-leão-dourado e o lobo-guará.

Estampada nas notas de R$ 2, a tartaruga-de-pente é uma das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas na costa brasileira. A espécie vive em recifes de coral e águas costeiras rasas, sendo comumente encontrada na região Nordeste do país.

Garça-branca-grande
A Garça-branca-grande, que estampa a nota de R$ 5, é uma ave típica do pantanal, porém pode ser vista na beira de lagos e rios de todo o país. Ela é conhecida pelas penas brancas, além do pescoço e pernas longos e a alimentação baseada principalmente em peixes e serpentes.

Arara-vermelha
Nativa das florestas do Panamá, a arara-vermelha foi escolhida para a nota de R$ 5 por ser uma das aves típicas do Brasil mais conhecidas. Além da região Norte, ela também pode ser encontrada no Sudeste e Centro-Oeste do país e é muitas vezes vítima do tráfico de animais silvestres.

Mico-leão-dourado
Quase extinto em 1970, o mico-leão-dourado marca presença na nota de R$ 20 e representa o trabalho de conservação da biodiversidade brasileira. O animal, que chama a atenção pela cor de seus pelos vermelho-dourados, tem como habitat a Mata Atlântica do interior do Rio de Janeiro e é monitorado pela Associação Mico Leão Dourado (AMLD).

Atualmente, a espécie ainda é considerada em perigo de extinção e tem a população na natureza estimada em 4.800 indivíduos.

Onça-pintada
Conhecida como o maior felino das Américas, a onça-pintada é um símbolo das matas brasileiras e uma importante espécie nas ações de conservação ambiental. Escolhida para a nota de R$ 50, ela pode ser encontrada na Mata Atlântica, no Pantanal, Cerrado e na Amazônia.

Talvez seja o animal mais conhecido entre as cédulas do real, já que em algumas cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro, "uma onça" passou a ser sinônimo de R$ 50.

Garoupa-verdadeira
Já para a nota de R$ 100, que foi durante 26 anos a cédula de maior valor do real, o animal escolhido foi a garoupa, peixe presente em todo o litoral brasileiro. Essa espécie é conhecida pelo corpo gordo e cinzento e é encontrada em águas profundas com corais e rochas, onde costuma se esconder.

Lobo-guará
O lobo-guará foi o terceiro animal em extinção escolhido para as cédulas do real na consulta pública de 2001, e há quatro anos foi designado para representar a nota de R$ 200. A espécie é típica do Cerrado e é parente dos lobos selvagens e dos cachorros domésticos, levando o título de maior canídeo presente na América do Sul.

Em 2020, o lançamento da cédula virou piada na internet, com memes sugerindo outras personalidades para estampar a nota, como o vira-lata caramelo e a cantora Pabllo Vittar.

Virou piada também dizer que ter R$ 200 é tão raro quanto encontrar um lobo-guará.

Combate à falsificação
A definição de todas as características das notas, inclusive o tema e as imagens usadas de base, é responsabilidade do Banco Central. Em seguida, os projetistas da empresa que imprime as notas traduzem o conceito pensado pelo BC em um desenho adequado para ser produzido nos equipamentos de impressão.

As cédulas possuem elementos de segurança, que são itens que podem ser verificados pela população para garantir sua legitimidade. Entre eles estão faixas holográficas, microimpressões, marcas d'água e números escondidos.

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