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Pobreza

Pobreza aumenta e atinge 40,1% dos argentinos no primeiro semestre de 2023

O principal fator que incide na medição da pobreza é a inflação elevada, que fechou em 50,7% no primeiro semestre

A pobreza na Argentina alcançou 40,1% da população no primeiro semestre de 2023, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feiraA pobreza na Argentina alcançou 40,1% da população no primeiro semestre de 2023, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira - Foto: Luis Robayo / AFP

A pobreza na Argentina alcançou 40,1% da população no primeiro semestre de 2023, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira (27), a poucas semanas das eleições presidenciais, marcadas pela situação crítica da economia.

Além disso, o instituto estatal de estatística, Indec, informou que 9,3% da população vive em situação de indigência, quando as pessoas não têm rendimentos suficientes para cobrir os gastos alimentares básicos.

"Os preços aumentam e a renda das famílias não se recuperam. Com o tempo, sempre fica abaixo e com perdas muito importantes de um mês para o outro", explicou à AFP Eduardo Donza, pesquisador do Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina ( UCA).

O principal fator que incide na medição da pobreza é a inflação elevada, que fechou em 50,7% no primeiro semestre e continuou subindo para 80,2% até agosto, quando registrou o maior valor mensal em três décadas (12,4%).

A medição de 12 meses mostra um aumento de mais de 120% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

Inflação e trabalho precário
Donza assinalou que, além da inflação, há uma “precarização” do trabalho, o que obriga muitos a buscar uma fonte de renda adicional para chegar ao fim do mês.

A pobreza foi de 36,5% no primeiro semestre de 2022 (com 8,8% de indigência) e de 39,2% no segundo (8,1% de indigência).

“Há uma situação de perda de poder aquisitivo de todos os grupos da população”, apontou Leopoldo Tornarolli, pesquisador do Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais da Universidade Nacional de La Plata.

Segundo esse especialista, a tendência é de alta e a inflação bastante elevada dos últimos três meses vai gerar, no fim do ano, “outro máximo de pobreza que, inclusive, deve superar o pior momento da pandemia”, ao final de 2020, quando o índice chegou a 42%.

“Há famílias com rendimentos menores reais em todos os estratos sociais. Isso significa que alguns que eram de classe média se tornaram vulneráveis e alguns que eram vulneráveis se tornaram pobres”, explicou.

Há décadas, a Argentina parece estar entre os países com menor pobreza em comparação com outros vizinhos da região.

“O lamentável é que a tendência mudou”, destacou Donza. "Muitos vizinhos nossos melhoraram a situação de suas situações, enquanto a Argentina retrocedeu, partindo de uma situação que, nas décadas de 1940, 1950, 1960 e até 1980, era bastante invejável."

“A Argentina está entrando em uma piora constante e cada vez mais acentuada”, opinou.

Nesse sentido, as restrições da situação económica têm dominado a campanha eleitoral para as eleições de 22 de outubro.

Nos últimos dias, o ministro da Economia e candidato à situação, Sergio Massa, anunciou subsídios e reduções de impostos para aliviar a perda de renda. Do outro lado, o libertário de extrema direita Javier Milei promete cortes de gastos públicos e a dolarização da economia.

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