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Pobreza e desigualdade precisam ser enfrentados como problemas globais, diz Haddad no G20

Ministro abriu nesta quarta-feira(28) a primeira reunião de ministros de Finanças e chefes de Bancos Centrais do grupo

Pobreza e desigualdade precisam ser enfrentados como problemas globais, diz Haddad na abertura do G20Pobreza e desigualdade precisam ser enfrentados como problemas globais, diz Haddad na abertura do G20 - Foto: Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na abertura da reunião dos ministros das Finanças do G20, que começou nesta quarta-feira em São Paulo, que a pobreza e a desigualdade precisam ser enfrentados como problemas globais e que os países ricos não podem dar as costas ao mundo e focar apenas em soluções nacionais. Haddad fez a abertura de forma remota por ter sido diagnosticado com Covid.

"Precisamos entender as mudanças climáticas e as pobrezas como desafios globais a serem enfrentados. É hora de redefinirmos a globalização. Os temas que a presidência brasileira propôs para essa primeira reunião emergem do objetivo de construir uma nova globalização, centrada na cooperação internacional" afirmou Haddad.

O objetivo do país é promover três temas centrais durante o encontro: combate à fome, luta contra a pobreza e desigualdade e desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. O Brasil também quer um alívio no peso da dívida das nações menos desenvolvidas e o aumento da influência dos países emergentes em organizações como o FMI e o Banco Mundial.

O Brasil ocupa, pela primeira vez, a presidência rotativa do grupo das principais economias do planeta e mais a União Europeia e a União Africana. O G20 foi criado em 1999 após a crise financeira asiática. O G20 representa mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 75% do comércio mundial e dois terços da população global.

Haddad afirmou que há consciência que a conjuntura econômica global é desafiadora e que discursos sobre globalização se alternam entre o otimismo desenfreado e a sua negação. Mas lembrou que o mundo chegou a uma situação em que o 1% mais rico detém 43% da riqueza do mundo e são responsáveis por emitir a mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres.

 

"Não há ganhadores na atual crise da globolização, embora os países mais pobres paguem preços mais altos. Nossa proposta é centrar a desigualdade como variável fundamental para analisar a conjuntura econômica." disse o ministro, lembrando que os países mais pobres estão com as receitas comprometidas pelo serviço da dívida num cenário de juros elevados no pós-pandemia..

Também estão na agenda de discussões temas como inflação, mudança climática e a guerra entre Rússia e Ucrânia, além do conflito no Oriente Médio. A tributação internacional é outro assunto da pauta dos ministros de finanças num momento em que alguns países querem taxar grandes empresas e os mais ricos.

"Precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem suas justas contribuições em impostos. Acreditamos que uma tributação mínima global pode constituir um pilar" disse o ministro fernando Haddad.

BCs querem endereçar problema da pobreza
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também falou durante a abertura do encontro e reforçou o papel dos bancos centrais e autoridades monetárias para endereçar o problema da desigualdade e pobreza. Ele lembrou que o controle da inflação e aumento de preços é uma forma de garantir mais bem-estar social para as camadas mais vulneráveis:

"Há diversas evidências de que a inflação afeta negativamente os níveis de pobreza e atinge desproporcionalmente os mais vulneráveis, com aumento das distâncias sociais e desigualdades. A melhor contribuição de política monetária para o crescimento sustentável, redução do desemprego e melhora das condições vida da população é manter a inflação baixa, estável e previsível" afirmou.

Campos Neto acrescentou que os bancos centrais têm se mantido comprometidos a alcançar a estabilidade de preços em linha com seus respectivos mandatos, depois da subida da inflação global que veio na esteira de políticas monetárias expansionistas, em razão da Covid-19.

O presidente do BC reforçou a necessidade do G20 avançar com a agenda prioritária proposta pela presidência brasileira, com foco no combate à pobreza e no desenvolvimento sustentável. Ele citou ainda o papel "crucial" da inclusão financeira "para crescimento e avanços sociais".

"Sob a presidência brasileira do G20, a inclusão financeira será um pilar central para promoção do desenvolvimento e reduzir desigualdade, com o G20 fazendo sua contribuição para o desenvolvimento de um mundo mais justo e um planeta mais sustentável." acrescentou

Autoridades presentes
Participam também do encontro os presidentes Bancos Centrais do G20, além da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

Entre as ausências, segundo os organizadores, estão os ministros das Finanças da China, Índia, Rússia e Reino Unido.

O encontro de ministros das Finanças do G20 foi precedido por uma reunião de nível vice-ministerial, na segunda e terça-feira, descrita por autoridades brasileiras como uma "preparação de terreno" para a cúpula envolvendo o primeiro escalão das pastas de economia.

De acordo com a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, que coordena a Trilha das Finanças do G20, o encontro com os deputies foi concluído na tarde de ontem com o encaminhamento da parte econômica do comunicado final da reunião, que será apreciado pelos ministros e presidentes dos BCs nos próximos dias. Em um briefing anterior à imprensa, Rosito já havia antecipado que o texto final será mais curto do que o de encontros anteriores.

"As prioridades brasileiras seguem sendo não só bem recebidas, mas agora caminhando alguns graus para implementação" disse Rosito em conversa com a imprensa.

Na sessão de abertura da reunião de ministros desta quarta, o painel será destinado para discutir desigualdades de renda e suas implicações para políticas macroeconômicas.

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