Porto do Recife perto da dragagem
Após longa espera, procedimento entrou no pacote do PAC 2019-2022
Esperada há mais de cinco anos, a dragagem do Porto do Recife deve enfim sair do papel. É que o serviço, avaliado em R$ 100 milhões, entrou no pacote 2019-2022 do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E, segundo o Ministério dos Transportes, já está em “fase preparatória para licitação”. Por isso, pode ser licitado e executado no primeiro semestre de 2019 - ainda a tempo de evitar novas reduções de capacidade no ancoradouro, como a que foi determinada no mês passado pela Capitania dos Portos.
Procurado pela reportagem, o Ministério dos Transportes confirmou que há previsão de recursos na PLOA 2019 para a obra e informou que, por isso, a licitação já deve sair no início de 2019. “A previsão é para janeiro. E, como o serviço é rápido, acreditamos que a dragagem seja concluída 60 dias depois de licitada. Por isso, em março já devemos estar com isso resolvido”, calculou o diretor comercial e de operações do Porto do Recife, Marco Dubeux.
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Dubeux lembrou que o serviço é fundamental para a manutenção das atividades do ancoradouro. Afinal, a falta de dragagem fez com o calado (profundidade) do porto diminuísse nos últimos anos. Esse indicador já chegou a 12 metros, mas neste ano estava em 10,7 metros e, no mês passado, foi rebaixado para 9,7 metros. O Sindicato dos Operadores Portuários de Pernambuco (Sindope) alertou, por sua vez, que o novo calado é apenas uma estimativa, já que o estudo de profundidade do porto, chamado de batimetria, não foi realizado pela Capitania.
“O Sindope assumiu, então, o custo de R$ 178 mil da batimetria para podermos ter uma noção exata do calado”, frisou o presidente sindical, Marcos Siqueira. Ele contou ainda que este estudo foi finalizado há pouco e está aguardando a homologação da Marinha para ser divulgado. “Mas os números encontrados sinalizam para um calado superior ao que foi dito recentemente”, antecipou Siqueira.
Mesmo assim, com a determinação da Capitania, o Porto do Recife teve que limitar a capacidade das embarcações que recebe. “Estávamos operando com navios de até 33 mil toneladas. Mas, agora, se não houver a dragagem, devemos receber só navios de 25 mil toneladas.
Vamos perder pelo menos cinco mil toneladas por embarcação, então a movimentação portuária pode diminuir”, revelou Dubeux, garantindo, por sua vez, que até agora a redução de calado não afetou as atividades do porto. “Não tivemos nenhum cancelamento entre as embarcações programadas até dezembro. Nem a temporada de cruzeiros, que começa 21 de novembro, será afetada”, assegurou.
Com a dragagem, porém, o calado do Porto pode voltar a 12 metros - profundidade que permite ampliar as atividades do ancoradouro com navios de até 50 mil toneladas. “Poderemos até atrair novas cargas para o porto”, comentou Dubeux, lembrando que, hoje, o ancoradouro movimenta açúcar, milho, trigo, malte, cevada e barrilha.
Petrolândia receberá uma fábrica de tilápia
A planta industrial de 10 mil m² beneficiará a produção do peixe feita por 120 famílias da região, que vão vender os pescados sem atravessadores. Quarta maior produtora do peixe tilápia do Brasil, a Cooperativa Agroaquícola de Petrolândia (CAAP), formada por 15 associações da região, vai ser beneficiada com um projeto para fomentar a produção.
Com investimento total de R$ 4,7 milhões, uma planta industrial de 10 mil metros quadrados (m²) vai ser construída no município de Petrolândia para beneficiar a piscicultura no Sertão de Itaparica. Diretamente, cerca de 120 famílias devem ser beneficiadas com o projeto. Doado pela prefeitura da cidade, o terreno vai conter uma fábrica de gelo, uma unidade de beneficiamento do pescado, além de uma fábrica de resíduos.
A maior parte do investimento virá do Banco Mundial. “A previsão é que em janeiro as obras sejam iniciadas. Será uma construção moderna e rápida para que em julho a planta industrial já esteja pronta. Isso porque, no fim do próximo ano, o banco já vai fazer a análise desse empreendimento”, informou o diretor-geral do ProRural, Fábio Fiorenzano. A partir do ProRural, foi possível fazer a gestão de contrato de empréstimo entre o Governo de Pernambuco e o Banco Mundial. O convênio foi assinado no início deste mês.
Hoje, as associações que formam a cooperativa produzem cerca de 12 toneladas de tilápia por dia. E a partir do projeto, a organização pode se tornar a maior produtora. “Para isso a estrutura física do empreendimento será dividida em uma fábrica de gelo para garantir a conservação dos pescados, a fábrica de resíduos para processar farinha e óleo de peixe - insumos para a ração dos animais -, além da unidade de beneficiamento para funcionar como área de análise sanitária e ambiental”, explicou Fiorenzano.
O projeto é uma alternativa para agricultores familiares do semiárido pernambucano que podem alavancar o comércio do pescado. “Os produtores vão poder vender a tilápia direto para o mercado. Isso porque essa indústria vai passar pela regulação de órgãos de controle sanitários. Antes, as vendas eram para as empresas de pescados que funcionavam como atravessadores.
Com isso, os produtores recebiam menos”, disse Fiorenzano, ao complementar que o sonho desses produtores é o mercado internacional. “A venda poderá ser para o mercado nacional e o internacional. Essas famílias têm o sonho de vender para fora do País. É uma aptidão local que gera renda para eles”, defendeu.