Possível recompra de refinaria e parceria com asiáticos para setor naval estão no radar da Petrobras
Jean Paul Prates, presidente da companhia, participou de programa na TV Cultura
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que pode haver diálogos com o Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, para uma eventual recompra de parcela da refinaria de Mataripe, na Bahia.
Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), foi vendida pela Petrobras para o Mubadala há dois anos, durante a gestão de Jair Bolsonaro. A refinaria é hoje controlada 100% pela Acelen, empresa ligada ao Mubadala.
Prates participou na noite de segunda-feira do programa "Roda Viva", da TV Cultura, que contou com a participação de jornalistas do “Valor Econômico”, “Folha de S.Paulo”, “Estado de S.Paulo” e “Bloomberg”, além da “Band”.
Prates disse que pode "haver diálogos sim" com o Mubadala, mas não há nada concreto no momento. Ele lembrou que no início de setembro assinou um memorando de entendimentos com o fundo árabe para avaliar o investimento conjunto em biorefino.
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Prates ressaltou que o foco inicial do memorando de entendimentos é desenvolver uma biorrefinaria integrada na Bahia com foco na produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável.
"O documento visa a apoiar a participação da Petrobras em projetos de biorrefino", disse a Petrobras no início do mês passado.
A Petrobras iniciou o processo de venda da Rlam em junho de 2019. Foi a primeira operação de venda, de um total de oito refinarias que entraram na lista de privatização da Petrobras na antiga gestão. Instalada no município de São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, a unidade responde por cerca de 14% de toda produção nacional de derivados de petróleo.
A hoje Mataripe foi a primeira grande produtora de combustíveis criada no Brasil, que, em 2020, completou 70 anos. É, portanto, mais antiga que a Petrobras, que faz 70 anos nesta terça-feira.
Na entrevista ao programa, Prates deixou em aberto a possibilidade de recomprar refinarias que foram vendidas. Disse que concorda ideologicamente com declarações recentes do Ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, que defendeu a recompra de Mataripe pela Petrobras.
Porém, Prates ressaltou que um processo de recompra envolve uma série de processos e análises. Mas lembrou que não há nada em andamento no momento.
Setor naval
Outro tema debatido no programa foi a recente viagem de Prates à China. O presidente da Petrobras lembrou que as empresas do país asiático vão participar do novo plano de negócios da estatal, que deverá ser anunciado em novembro deste ano.
Ao ser questionado sobre o setor naval, Prates disse que sua ideia é criar um ambiente conjunto entre as empresas do Brasil, da China, da Coreia do Sul e de Cingapura. Ele explicou que cada país é especializado em uma parte do navio e muitas vezes esses países subcontratam mutualmente.
"Temos capacidade e temos dois estaleiros cheios, como o de Rio Grande e Angra dos Reis. Queremos criar um ambiente único de contratação. E ver o que cada um deles faz. Mas comprar só aqui no Brasil é ineficiente", disse Prates. "Com certeza (Lula vai inaugurar um navio até o final do mandato)."Fertilizantes
Prates disse que na área de fertilizantes a estatal está considerando a retomada das obras de Três Lagoas, que pode levar de dois a três anos. A unidade, em Mato Grosso do Sul, teve as obras suspensas após as revelações da Operação Lava-Jato, com cerca de 80% das obras prontas. Quer ainda reativar a usina do Paraná, que estava fechada e quase chegou a ser vendida.
Sobre a Margem Equatorial, que ontem teve aval do Ibama para perfurar um poço no Rio Grande do Norte, Prates diz que isso pode ser um caminho para o início da perfuração da Foz do Amazonas.