Logo Folha de Pernambuco

Brasil

Prates defende ação de Lula na Petrobras como "legítima" e não uma intervenção

Em publicação no X, presidente da estatal refuta críticas sobre a decisão do governo de impedir a empresa de pagar dividendos extraordinários

Presidente da Petrobras, Jean Paul PratesPresidente da Petrobras, Jean Paul Prates - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Leia também

• Petrobras é retirada de índice das 20 empresas que mais pagaram dividendos em 2023

• Prates é uma pessoa da área, a minha opinião é que deve continuar na Petrobras, diz Alckmin

• Mesmo sem dividendos extras, Petrobras foi 3ª maior pagadora entre grandes petroleiras, diz FUP

Em uma publicação na plataforma X (ex-Twitter), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, refutou as interpretações de que houve uma intervenção política na estatal após a decisão do Conselho de Administração da empresa de reter o pagamento de dividendos extraordinários em uma reserva de capital.

Segundo Prates, “é legítimo” que o concelho da companhia seja orientado pelo presidente Lula. Ele afirmou que é preciso entender que a Petrobras é uma empresa controlada pelo governo federal e que “este controle é exercido legitimamente”.

O executivo afirmou ainda que a retenção dos dividendos foi apenas um adiamento e uma medida de reserva, sem motivos para o mercado ficar "nervoso", na visão dele. E acusou quem critica de “querer criar dissidências, especulação e desinformação”.

 

É a primeira vez que Prates se pronuncia mais detidamente sobre a crise dos dividendos da Petrobras, que começou na quinta-feira, quando a empresa divulgou seu balanço de 2023 e anunciou a decisão de não pagar R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários, frustrando a expectativa do mercado.

O dinheiro foi transferido para uma reserva de remuneração de capital. A empresa decidiu pagar somente os dividendos ordinários, obrigatórios, de R$ 72,4 bilhões. No dia seguinte, as ações da Petrobras despencaram na Bolsa. Na sexta e na segunda-feira, a Petrobras perdeu no total R$ 63 bilhões em valor de mercado.

"Isso não pode ser apontado como intervenção! É o exercício soberano dos representantes do controle da empresa. É legítimo que o CA se posicione orientado pelo Presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários", afirmou Prates, fazendo coro com o presidente Lula.

Anteontem, Lula se queixou da reação negativa na Bolsa e disse que estatal não pode pensar só nos seus acionistas privados, precisa investir mais. E classificou a reação do mercado financeiro como “choradeira” de um “dinossauro voraz”.

Em comunicados divulgados hoje, a Petrobras informou que vai pagar, no próximo dia 20, a segunda parcela dos dividendos ordinários referentes ao balanço de 30 de setembro de 2023. A empresa também negou que estude a criação de uma nova reserva de dividendos.

A raiz da crise
O pagamento dos dividendos extraordinários foi vetado por seis dos 11 conselheiros da Petrobras na reunião que antecedeu a divulgação do balanço de 2023, na última quinta-feira. Cinco indicados pelo governo e uma representante dos funcionários votaram contra o pagamento. Os quatro indicados dos minoritários votaram a favor. Prates, que também integra o conselho, absteve-se.

Na reunião, Prates defendeu o pagamento de metade dos dividendos extraordinários, mas não convenceu os demais conselheiros governistas, ligados ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O presidente da Petrobras vive uma disputa com o ministro por influência na Petrobras, arbitrada por Lula, que defende a redução do pagamento de dividendos aos acionistas como uma forma de aumentar a robustez financeira da empresa para que ela amplie investimentos.

Pelas regras da Petrobras, o dinheiro reservado para dividendos não pode ser usado diretamente nos investimentos, mas a tese do grupo de Silveira é que o manter no caixa ajudaria a empresa a conseguir empréstimos em condições mais favoráveis.

Leia a seguir a íntegra da publicação de Prates:

“O mercado ficou nervoso esperando dividendos sobre cuja decisão foi meramente de adiamento e reserva. Falar em “intervenção na Petrobrás” é querer criar dissidências, especulação e desinformação.

É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobrás é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado Brasileiro, e que este controle é exercido legitimamente pela maioria do seu Conselho de Administração.

Isso não pode ser apontado como intervenção! É o exercício soberano dos representantes do controle da empresa. É legítimo que o CA se posicione orientado pelo Presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários.

Somente quem não compreende (ou propositalmente não quer compreender) a natureza, os objetivos e o funcionamento de uma companhia aberta de capital misto com controle estatal pode pretender ver nisso uma intervenção indevida.

Vamos voltar à razão e trabalhar para executar, eficaz e eficientemente, o Plano de Investimentos de meio trilhão de reais que temos pelos próximos cinco anos à frente, gerar empregos, renda, pesquisa, impostos e também lucro e dividendos compatíveis com os nossos resultados e ambições.”

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter