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Combustível

Preço da gasolina deve cair 8% e do gás, 15% para o consumidor, estimam analistas

Efeito na inflação anual, porém, será limitado por mudança na alíquota do ICMS

Tributos federais sobre gasolina e etanol voltarão a ser cobrados Tributos federais sobre gasolina e etanol voltarão a ser cobrados  - Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo

A redução nos preços da gasolina, diesel e GLP (gás de cozinha), anunciada pela Petrobras em meio à divulgação da nova política de preços adotada pela petroleira nesta terça-feira, tende a reduzir os preços dos combustíveis voltados ao consumidor entre maio e junho. Mas a maior parte dessas quedas logo deverão ser compensadas fixação das alíquotas do ICMS sobre a gasolina e etanol anidro, prevista para entrar em vigor em junho. No fim das contas, analistas explicam que é um jogo de “soma zero” sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. Economistas ainda esperam que a inflação deverá encerrar 2023 em torno de 6%.

André Braz, economista e coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV, estima que a redução de 21% do GLP nas refinarias se traduzirá em uma queda próxima de 15% para o consumidor, ao passo em que a queda de 12,% da gasolina deve alcançar cerca de 8% sobre os preços praticados nas bombas dos postos de combustível.

Nesse sentido, Braz estima que a queda no custo do gás de cozinha e da gasolina deverão contribuir, juntos, para uma redução de cerca de 0,3 ponto percentual sobre a inflação de maio e 0,3 ponto percentual sobre a inflação de junho. Seu efeito será dividido entre os dois meses, em razão do reajuste ter sido anunciado na metade deste mês, passando a valer, portanto, a partir do dia 17.

O economista ressalta, porém, que a mudança na alíquota de ICMS deverá levar a um aumento em torno de 10% e 12% sobre o preço da gasolina - compensando o impacto positivo que a redução anunciada pela Petrobras exercerá sobre o indicador no ano.

— Vai ser uma baita contribuição para segurar a inflação nesses dois meses. Mas uma parte dessa queda que a gente assiste hoje pode voltar em julho — diz Braz.

Já a redução do diesel, que têm peso menor sobre o orçamento familiar, deverá ter seu impacto diluído sobre os demais produtos e serviços investigados pela pesquisa do IBGE. Segundo Braz, como o diesel impacta o preço do frete e do ônibus urbano, seu efeito poderá ser gradualmente percebido nos próximos meses, sobretudo a partir da diminuição dos custos de escoamento da produção agrícola.

No fim do dia, o efeito geral das reduções anunciadas pela Petrobras sobre a expectativa de inflação para o ano é pouco significativo para as estatísticas:

— Isso não altera muito a expectativa de inflação. É um jogo de soma zero: a inflação cai agora, mas volta a subir em julho. Isso neutraliza esse efeito e a gente mantém a estimativa para o IPCA em torno de 6,2% no final de 2023 — conclui Braz.

Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, tem avaliação parecida. A projeção para o IPCA de 2023 sofreu um ajuste de 0,1 ponto percentual, explica:

— Já tínhamos na nossa conta parte dos reajustes anunciados hoje. Esperávamos uma redução de R$ 0,30 para o litro da gasolina e veio R$ 0,40. Além disso, somando a revisão dos preços do GLP e diesel do, a projeção para o IPCA foi de 5,9% para 5,8%.

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