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Economia

Preço de carnes deve subir com valorização das commodities, dizem empresas

A BRF, maior processadora de aves do Brasil, afirmou nesta quinta (13) que precisou impor maior austeridade no controle de despesas para compensar o aumento dos custos

carnecarne - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Insumos como milho, soja, farelos, óleos e embalagens estão mais caros desde a segunda metade do ano passado e já pressionam as margens das grandes processadoras de carne em atuação no Brasil, o que pode impactar os preços desses produtos neste ano.

A BRF, maior processadora de aves do Brasil, afirmou nesta quinta (13) que precisou impor maior austeridade no controle de despesas para compensar o aumento dos custos. O rigor acontece mesmo em um cenário de aumento de 18% do lucro da empresa, que alcançou a cifra de R$ 22 milhões no primeiro trimestre.

"Sem dúvidas, teremos ao longo de 2021, uma readequação de preços, à luz do novo patamar das commodities. Vai impactar a indústria de alimentos no mundo todo", disse Lorival Luz, presidente global da BRF.


"O aumento de preços não é da BRF, ele vem de forma estrutural. Milho, óleos, soja, farelos, embalagem, papelão e as outros custos estão mais caros. São aumentos muito significativos, acima de 50%."

Nesta semana, a Marfrig também apontou, na divulgação de seus resultados, a redução das margens na operação no Brasil devido aos preços maiores dos bovinos. A pressão de custo foi compensada pela melhora dos resultados na América do Norte, disse a empresa.

"Foi o trimestre mais forte de nossa história, mesmo que na América do Sul enfrentamos um cenário de escassez de gado e aumento recorde dos preços, sobretudo no Brasil", disse Marcos Antonio Molina dos Santos, presidente do conselho de administração da empresa.

A Marfrig informou ter registrado receita líquida de R$ 17,2 bilhões, um aumento de 27,7% em relação ao mesmo trimestre em 2020. O lucro líquido foi de R$ 279 milhões.

Com a demanda doméstica enfraquecida, a Marfrig afirmou que as exportações foram o "vetor de rentabilidade do setor de proteínas no Brasil". Ainda assim, o volume de abates caiu.

"A combinação entre a escassez de matéria-prima, o aumento de custos e um mercado interno enfraquecido levou os frigoríficos brasileiros a reduzirem em mais de 45% sua produção neste ano, segundo levantamento da taxa de ociosidade do setor feito pela Scot Consultoria", disse a Marfrig, em relatório de resultados.

Para Luz, da BRF, apesar do aumento esperado nos preços de carnes de frango e porco, os valores desses itens devem se manter mais atraentes do que o a carne bovina, que deve continuar disparado.

Segundo o executivo, o esforço da empresa será o de buscar eficiência na produção, para reduzir o impacto da produção mais cara para o consumidor. O cálculo, disse, é muito preciso, e depende do quanto cada insumo subiu e por quanto tempo.

Outra gigante frigorífica, a JBS divulgou nesta quarta receita líquida de R$ 11,5 bilhões no primeiro trimestre, 41,3% mais do que em 2020. Na operação com carnes bovinas, a empresa aponta que, apesar do crescimento da receita, teve as margens pressionadas pelo custo de produção, "notadamente no preço médio de aquisição do boi".

Os gastos maiores com grãos afetaram também o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Seara, de R$ 932,6 milhões no trimestre. Segundo a JBS, esse resultado foi 5,2% menor, na comparação anual.

No relatório de resultados, a empresa afirma que o farelo de soja subiu 92,9%, e o milho, 60,9%, segundo o monitoramento do Cepea. "Estes aumentos vêm sendo parcialmente mitigados graças ao foco em eficiência operacional, aliado ao aumento de preços de venda, bem como um melhor mix de mercados, canais e produtos."

Em abril, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Escola Superior de Agricultura da USP (Universidade de São Paulo), os preços do milho subiram 13,4% na negociação entre empresas.

Na média, há um aumento de 95% nos valores nominais do milho, em abril, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O preço do boi gordo, por sua vez, ficou 51,4% mais caro no início deste ano.

INFLAÇÃO DAS CARNES
35,03% foi a alta das carnes (bovina e suína) em 12 meses

30,71% foi a alta da carne de porco em 12 meses

13,79% foi a alta do frango inteiro em 12 meses

RAIO-X
RESULTADOS DO 1º TRIMESTRE DE 2021

BRF
- Receita líquida: R$ 10,6 bilhões, alta de 18%
- Lucro líquido: R$ 22 milhões

JBS
- Receita líquida de todas as operações: R$ 75,3 bilhões, alta de 32,2%
- Lucro líquido: R$ 2 bilhões

Marfrig
- Receita líquida: R$ 17,2 bilhões, alta de 27,7%
- Lucro líquido: R$ 279 milhões

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