Preço do gás de botijão volta a subir; alta ocorre nas refinarias privatizadas
Unidades localizadas no Amazonas e na Bahia reajustaram o preço do GLP neste início de dezembro
As duas principais refinarias privatizadas do Brasil localizadas no Amazonas e na Bahia reajustaram o preço do gás de botijão (GLP) neste mês de dezembro. É um movimento inverso ao feito pela Petrobras, que no último dia 17 reduziu o preço do GLP no Brasil. Juntas, as unidades de Manaus e Mataripe somam pouco mais de 20% da capacidade de refino do país.
Os aumentos de preços ocorrem em um momento em que as vendas do GLP atingiram queda recorde. O mês de julho teve o menor consumo dos últimos 11 anos, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Observatório Social do Petróleo (OSP), ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
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Segundo dados da ANP, a queda na venda de GLP foi de 10,9% em julho em comparação com o mesmo mês de 2021. Os números da ANP apontam ainda que os sete primeiros meses deste ano registraram o pior desempenho do comércio de botijão de gás desde 2015.
A Refinaria de Manaus (Reman), cuja venda pela Petrobras para o Grupo Ream foi finalizada na quarta-feira, reajustou o preço do GLP ontem. A alta, de acordo com fontes do setor, variou entre R$ 0,84 e R$ 0,93 por quilo.
Assim, com base em cálculos de revendedores e fonte do setor, a alta pode chegar a 11%, com o botijão custando a até R$ 135 em algumas localidades. Nesta semana, o valor médio do GLP praticado na Região Norte está em R$ 118,50, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). É maior que os R$ 117,97 da semana passada.
Segundo a ANP, a região Norte tem o preço do GLP mais caro do país. Nesta semana houve avanço nos preços nas regiões Sul, cujo preço passou de R$ 111,16 para R$ 111,56, e Sudeste (de R$ 106,70 para R$ 106,90). Já nas regiões Centro-Oeste caiu nessa semana, de R$ 114,09 R$ 113,09, e Nordeste, de R$ 110,39 para R$ 109,77.
A Ream Participações não detalhou o percentual de reajuste. A empresa disse que a alta ocorreu para suprir os custos com aquisição do GLP junto à base da Petrobras, em Urucu, município de Coari, a 370 quilômetros de Manaus.
"A Refinaria de Manaus produz apenas 10% do que é consumido no mercado da capital amazonense e o restante é produzido pela Petrobras. Com a logística de aquisição do GLP, a Ream tem de arcar com os custos da operação com terminal aquaviário, transporte de navio e praticagem, dentre outros", disse a empresa em nota. A Ream lembrou que tem uma política transparente em sua estratégia de preços, amparada por critérios técnicos e sempre dentro das normas do mercado.
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, criticou a alta e disse que a venda da unidade cria mais um monopólio regional.
Já a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada hoje pela Acelen, do fundo árabe Mubadala, elevou o preço do GLP em 0,8% a partir do dia 1 deste mês. Para o consumidor final, o aumento é de cerca de R$ 0,03 em média por quilo. Segundo a ANP, o preço médio do GLP na Bahia foi de R$ 115,64 na semana passada. Diferente da Petrobras e agora da Atem, a Acelen, lembrou uma fonte do setor, reajusta o preço para cima ou para baixo todo dia 1. Entram no cálculo, a cotação do petróleo, do dólar e custos logísticos.
Enquanto isso, a Petrobras reduziu os preços do GLP no último dia 17, quando reduziu o preço do quilo de R$ 3,78 para R$ 3,58. Na ocasião, a estatal disse que a queda "acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio".