Presidente da Petrobras defende política de preços da empresa e nega interferência do governo
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, José Mauro Coelho diz que Bolsonaro "entendeu muito bem a questão de preço de mercado"
Recém-empossado na presidência da Petrobras, o engenheiro José Mauro Coelho defendeu a atual política de preços da estatal e negou pressão do governo para alterá-la. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Coelho - o terceiro executivo no comando da empresa na gestão de Jair Bolsonaro - disse que o presidente "entendeu muito bem a questão de preço de mercado".
Coelho tomou posse como presidente da Petrobras no último dia 14 de abril. Ele foi indicado por Bolsonaro para o cargo após desgaste do presidente da República com o antecessor, Joaquim Silva e Luna, que havia reajustado a gasolina em quase 19% e o diesel, em quase 25%, no mês anterior.
"É muito claro para a Petrobras e para o governo que, como uma empresa de capital aberto, listada em bolsa, e por conta de toda legislação existente interna e externamente, a Petrobras deve praticar preços de mercado", disse o executivo ao jornal paulista.
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Segundo ele, o preço dos combustíveis devem acompanhar a cotação do petróleo, mas a volatilidade diária nas cotações não deve ser repassada ao consumidor imediatamente.
"O preço do (petróleo) Brent vai a US$ 130, depois abaixa para US$ 100, fica altamente volátil e o câmbio também está volátil. Então, na Petrobras, acompanhamos a questão do preço dos combustíveis diariamente e, claro, dentro da nossa política de preços. Mas, entendendo também que não podemos ficar passando essas volatilidades, que são conjunturais, então nós acompanhamos tudo isso e, no momento certo, fazemos o reajuste", afirmou.
Coelho disse que a volatilidade depende de muitos fatores sobre os quais a Petrobras não tem o controle. Citou os lockdowns na China e a guerra entre Rússia e Ucrânia como exemplos.
Perguntado se recebeu alguma mensagem de WhatsApp de Bolsonaro sobre preços dos combustíveis, como os ex-presidentes da empresa recebiam quando havia reajuste, Coelho respondeu que "o presidente já entendeu muito bem a questão de preço de mercado".