Presidente do Banco Central prevê até três meses de deflação
Campos Neto vê impacto dos cortes de impostos sobre energia
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse, nesta terça-feira (23), que espera “dois ou três meses” de deflação neste ano, principalmente por conta de medidas como a redução de impostos e o teto do ICMS sobre combustíveis e energia.
— Quando nós olhamos para o processo de inflação, esperamos dois ou três meses de deflação. Nós tivemos deflação no mês passado e provavelmente teremos neste mês. Novamente, bastante impactado pelos preços de energia e pelas medidas — afirmou.
O IBGE calculou uma deflação de 0,68% em julho, a primeira desde maio de 2020. O órgão vai publicar na quarta-feira o IPCA-15 com a prévia da inflação de agosto com o mercado já prevendo uma nova deflação.
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Neste cenário, Campos Neto afirmou que a inflação deste ano deve ficar em 6,5%, previsão mais baixa do que a registrada na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no início do mês, que era de 6,8%. A projeção também está abaixo dos 6,82% previstos pelo mercado.
— Quando olhamos para o Brasil há um processo de inflação alta. A inflação deste ano deve ficar em cerca de 6,5% ou mais baixo. Não estamos celebrando isso, ainda há um trabalho muito grande a ser feito — ressaltou.
No patamar projetado, a inflação ainda estouraria a meta de 3,5% estipulada para este ano mesmo considerando o intervalo de tolerância que tem um teto de 5% e um piso de 2%.
Segundo o presidente do BC, o órgão ainda olha com cuidado para o processo de inflação nos serviços. O setor está com atividade em alta e saltou quase 9% no primeiro semestre.
— Nós ainda vemos a inflação de serviços subindo. O núcleo da inflação começa a moderar, nós temos bons sinais, mas não é razão para comemorar ainda. Realmente vemos preços administrados caindo e preços de alimentos mais ou menos estáveis, provavelmente indo um pouco para baixo — afirmou.