Presidente do BC comemora queda na inflação, mas diz que não deve baixar a guarda
Campos Neto afirmou que grande parte da elevação de juros feita pelo BC ainda não impactou a economia
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que “obviamente” comemora a deflação do último mês, mas ressaltou que o órgão responsável por colocar a inflação na meta não deve “baixar a guarda”.
"A gente tem o dever de não baixar a guarda, a gente comemora obviamente a melhora entendendo que tem um efeito do que foi feito pelo governo e tem um desafio grande pela frente", afirmou.
O presidente do BC ressaltou que a deflação de julho e o número parcial de agosto sofreram impactos fortes da redução de impostos e do teto estipulado para cobrança de ICMS sobre combustíveis e energia.
Segundo ele, grande parte do trabalho que o Banco Central fez na elevação da taxa básica de juros, a Selic, ainda não teve seu impacto na inflação. A elevação da Selic começou em meados do ano passado e desde então a taxa subiu de 2% para 13,75% ao ano.
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"Grande parte do trabalho que foi feito ainda não impactou. A janela do Banco Central, tudo que eu faço, começa a ter feito entre 12 e 18 meses. Tem muito do que a gente fez que ainda não afetou a economia. A gente precisa sempre passar uma mensagem que a gente está vigilante", disse.
Campos Neto também afirmou que o BC brasileiro começou sua trajetória de alta nos juros antes do resto do mundo, o que vai permitir que os juros também caiam antes dos outros países.
"O Brasil saiu na frente, teve um tem um trabalho eu diria mais rápido, mais agressivo. Hoje o mercado entende que grande parte do mundo ainda precisa subir juros. O Brasil a gente vê que não tem quase nada em termo de precificação de aumento de juros nos próximos seis meses e no próximo ano já têm queda", disse.
Segundo o relatório Focus, que reúne as projeções do mercado para os principais indicadores econômicos, a Selic deve terminar 2022 em 13,75% e cair para 11% no final de 2023.