Inflação

Presidente do BC diz que diminuir imposto não ajuda a inflação 'estruturalmente'

Campos Neto disse que decisões de diminuir os impostos podem ter efeito de queda no curto prazo, mas não no longo prazo

Roberto Campos Neto, presidente do Banco CentralRoberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (22) que diminuir imposto, e consequentemente abrir mão de receita, não auxilia na queda estrutural da inflação.

"Se você abaixa o imposto ou faz alguma coisa que abre mão de receita para obter um preço de produto mais baixo naquele momento, estruturalmente você não está ajudando a inflação. Você pode ter uma queda no curto prazo, mas na parte de expectativa de inflação isso vai se incorporar e esse elemento tende a prevalecer estruturalmente falando no médio e longo prazo", disse.

A afirmação do presidente do BC acontece no mesmo dia em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou que o governo deve reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25%. Neste momento, há também uma discussão sobre a redução de impostos sobre combustíveis.

Segundo o ministro, por conta do aumento de arrecadação registrado no ano passado, essa redução do imposto seria um bom aproveitamento de recursos e seria um movimento para reindustrialização do país.

Em sua fala em um evento promovido por um grande banco, o presidente do BC disse que essa decisão de cortar impostos está acontecendo no mundo todo e citou Colômbia, Índia e que houve uma discussão nos EUA.

Campos Neto ressaltou que parte da razão da inflação alta foram os programas feitos durante a pandemia que expandiram os gastos em todo mundo.

"Diante da persistência desse efeito inflacionário, é com alguma curiosidade que a gente vê que alguns países sugerem que para combater a inflação da persistência que foi em parte gerada por esse grande plano fiscal, que a solução é fazer mais fiscal".

E continuou: "Ou seja, vamos diminuir imposto, para baixar o preço e baixando o preço a gente resolve o problema. Lembrando que de fato parte da razão pela qual o preço está onde está é o impacto dessas medidas que foram feitas", disse.

O presidente do BC disse esperar que a inflação ainda alta comece a acelerar sua queda entre abril e maio quando se olha o acumulado de 12 meses.

Segundo o IBGE, a inflação de janeiro de 2022 desacelerou em relação a dezembro, mas ainda se mantém nos dois dígitos. No acumulado de 12 meses, a alta é de 10,38%.

Campos Neto ressaltou o peso da inflação de energia, que inclui energia elétrica e combustíveis, no caso brasileiro. Em uma comparação com outros países, como Rússia, Chile e Espanha, o presidente do BC destacou o "nunca antes visto" choque de energia e o peso desses valores para a inflação brasileira.

"Se o Brasil tivesse a mesma inflação de energia da média dos países da amostragem, a gente nota que se a inflação de energia fosse a média, a inflação também teria sido a média", afirmou.

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