Previ tem superávit de R$ 14,5 bilhões em 2023, o maior em uma década
Entidade é o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil
A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, terminou 2023 com superávit acumulado de R$ 14,5 bilhões, o melhor resultado em dez anos segundo a fundação. A cifra se refere ao Plano 1, de benefício definido (BD), que é o maior e mais antigo da entidade e é composto quase que exclusivamente por aposentados e pensionistas.
O número considera o resultado obtido em 2023 (R$ 9,8 bilhões), acrescido do superávit já registrado em 2022, de R$ 4,7 bilhões. Em 2021, porém, a entidade registrou déficit de R$ 900 milhões.
A Previ terminou 2023 com uma carteira total de ativos de R$ 288,7 bilhões, o maior patrimônio entre os fundos de pensão. A segunda colocada, a Petros, dos funcionários da Petrobras, tinha R$ 115 bilhões em outubro, segundo dados da Abrapp, associação do setor de previdência complementar fechada.
A Previ tem mais de 200 mil participantes, sendo 84,2 mil aposentados e 83,8 mil de ativos, além de pensionistas. No ano passado, a entidade pagou R$ 16,1 bilhões em benefícios.
— É o melhor resultado dos últimos dez anos, fruto de um trabalho de governança e solidez — observou o presidente da Previ, João Fukunaga.
O outro plano da Previ, o Futuro, elevou seus ativos de R$ 26,7 bilhões para R$ 32,8 bilhões. Trata-se de um plano mais novo, composto majoritariamente por participantes da ativa e que é da modalidade contribuição variável (CV). Por esse modelo, o valor do benefício na hora da aposentadoria depende do desempenho dos investimentos ao longo da carreira.
O Plano 1 teve rentabilidade de 13,5% no ano passado, pouco maior que o CDI (13%) e acima da meta atuarial (8,6%), que é a taxa de rentabilidade a ser atingida para que o plano não tenha déficit.
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Diferentemente de grande parte da indústria de fundos de pensão, esse plano da Previ tem uma fatia importante alocada em ações (32,6%) que rendeu 17% em 2023. Já a renda fixa, que é formada sobretudo por títulos públicos atrelados à inflação, representa 58,3% do total e rendeu 11,2%. A maior rentabilidade veio de investimentos no exterior (24,3%), mas eles respondem por fatia mínima da carteira. Já a carteira de investimentos estruturados, como nos fundos multimercados, rendeu apenas 5,3%, ficando abaixo do CDI e da meta atuarial.
Segundo o diretor de investimentos, Cláudio Gonçalves, não houve qualquer mudança significativa na carteira de ações da Previ, com excessão de um investimento no follow-on (oferta subsequente) feito pela BRF.
Uma das principais ações no portfólio da Previ é a Vale, na qual detém fatia de mais de 8%. A mineradora enfrenta um conturbado processo sucessório, com o conselho dividido sobre a continuidade do mandato de Eduardo Bartolomeo ou a seleção de um novo CEO. A Previ tem dois assentos no conselho e, na semana passada, enviou ofício à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedindo que a mineradora publique de maneira completa, sem resumos, a ata da última reunião do conselho.
— Nosso objetivo no pedido é a transparência dentro das nossas investidas — explicou Fernando Melgarejo, diretor de participações. — Vamos reconhecer inteiramente a decisão do conselho, desde que sejam cumpridos os ritos de governança, que é o que a gente acredita que acontecerá.
Segundo Fukunaga, que é um dos conselheiros na Vale, a Previ está “em busca de clareza”:
— É importante entender que a Previ está na Vale desde 1997. A gente teve um acúmulo de 3.000%. Não é pouca coisa o que a Previ fez junto com a Mitsui e o Bradesco. Nós fomos um dos proponentes do modelo de “corporation” (sem controlador e com ações pulverizadas). A gente está sempre em busca da clareza.