ECONOMIA

Prévia da inflação desacelera em março e fica em 4,16% em 12 meses, abaixo do teto da meta

IPCA-15 subiu 0,57% no mês, com alívio no preço de alimentos e avanço menor que o esperado da gasolina. Analistas alertam para pressões de serviços como aluguel

DinheiroDinheiro - Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

A prévia da inflação, o IPCA-15, de abril desacelerou e subiu 0,57%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. Em 12 meses, o indicador ficou em 4,16%, abaixo do teto da meta do Banco Central (BC) para 2023. O alívio veio principalmente devido ao menor avanço dos preços de alimentos e bebidas. Mas analistas avaliam que a perda de fôlego da inflação ainda é lenta. Por isso, acreditam que o BC não deve cortar os juros na semana que vem.

O resultado em 12 meses é uma forte desaceleração em relação aos 5,36% registrados nos 12 meses anteriores e veio levemente abaixo da expectativa do mercado (0,6%).

A gasolina avançou 3,47% em abril, maior pressão sobre o IPCA no mês, mas a alta foi abaixo do esperado.

A meta da inflação para este ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, o teto da meta é de 4,75%.

O BC se reúne na semana que vem para definir a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano. Ele leva em conta a expectativa da inflação para tomar uma decisão.

O que diz o IBGE

O grupo Alimentos e bebidas avançou 0,04% em abril, ante 0,2% em março. A perda no ritmo de alta ocorreu principalmente devido ao recuo na alimentação em domicílio. Mas alguns alimentos tiveram forte alta, como o ovo, que saltou 4,36%.

O grupo Habitação também contribuiu para que o IPCA-15 cedesse, com alta de 0,48%, quase metade do aumento no mês anterior. Os preços de energia elétrica e aluguel, porém, evitaram que a desaceleração fosse maior.

A maior pressão sobre o índice veio dos combustíveis. A gasolina avançou 3,47%, sendo o maior impacto individual sobre o indicador. Desde março, o preço final da gasolina voltou a contemplar tributos cuja cobrança havia sido suspensa no ano passado.

Também houve alta nos preços do etanol (1,10%), que já haviam subido 1,96% em março. Óleo diesel (-2,73%) e GNV (-2,17%), porém, registraram queda. Houve alta ainda de 11,96% no preço das passagens aéreas, após recuo de 5,32% em março.

O que dizem analistas

"Destacamos aceleração no núcleo serviços subjacente, com aluguel e condomínio mais fortes, confirmando algum repique na inflação de serviços em abril", escreveram em relatório as analistas Julia Gottlieb, Julia Passabom e Luciana Rabelo, do Itáu. Elas calculam que o núcleo de serviços está próximo de 6%.

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As analistas salientam que os combustíveis continuam a pressionar a inflação, mas frisam que a alta da gasolina veio bem abaixo do esperado, que era de 4,5%.

Elas acreditam que o indicador deve voltar a acelerar a partir do terceiro trimestre do ano e mantiveram a projeção de 6,1% para o IPCA em 2023 e 4,5% em 2024.

BC não deve antecipar corte de juros, diz economista

Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, o Banco Central não deve antecipar o corte de juros na próxima reunião por causa do resultado de hoje do IPCA-15. Ela mantém a projeção de inflação para 2023 em 5,6%.

"A gente espera que o Banco Central mantenha os juros em 13,75% e dificilmente antecipe uma queda em junho, mas podemos começar a ver uma mudança na linguagem (da ata do BC). Os dados de hoje mostram que a política monetária está começando a fazer efeito", disse a economista.

Vitória avalia que haverá queda de juros no segundo semestre.

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Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 16 de março a 13 de abril de 2023 e comparados com aqueles vigentes de 11 de fevereiro a 15 de março de 2023 (base). É uma espécie de prévia da inflação oficial, o IPCA.

Os analistas da XP esperam que o IPCA atinja seu nível mais baixo do ano em junho e volte a acelerar a partir de julho. Eles mativeram a projeção de 6,2% para 2023 e de 5% para 2024.

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