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Prévia da inflação em setembro tem maior alta desde o Plano Real e passa de 10% em 12 meses

Energia e combustíveis puxaram a alta do índice

Alta da inflação de setembro foi puxada pelos combustíveis e energia Alta da inflação de setembro foi puxada pelos combustíveis e energia  - Foto: Arthur Mota/Arquivo Folha

A inflação acelerou com força nos últimos 30 dias e fechou em 1,14% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de setembro. Foi a maior alta para um mês do índice desde o início do Plano Real, em 1994.

Os analistas previam, na média, uma alta menor, de 1,03%. O resultado veio acima até mesmo da projeção mais pessimista entre 33 analistas consultados pelo Valor, que era de 1,13%.

O IPCA-15 mede as variações de preços entre os dias 15 de cada mês e, por isso, serve como uma prévia do IPCA, usado nas metas de inflação do governo. A forte alta no índice foi resultado principalmente do aumento de 2,85% na gasolina, que contribuiu com 0,17 ponto percentual do resultado.

Também pressionou a inflação o aumento da conta de luz (3,61%) e dos alimentos, sobretudo das carnes, cujos preços subiram 1,10%.
 

Com o resultado de setembro, o IPCA-15 acumula alta de 10,05% nos últimos 12 meses - maior variação neste tipo de comparação desde fevereiro de 2016. É um patamar bem acima da meta de inflação estabelecida pelo governo para este ano, que é de 3,75% com margem de tolerância até 5,25%.

Na última quarta-feira, para tentar conter a alta da inflação, o Banco Central subiu a taxa básica de juros Selic para 6,25% ao ano. Foi a quinta alta seguida dos juros, o que encarece o crédito e dificulta a retomada do crescimento econômico.

Os combustíveis e a energia têm sido a principal pressão na inflação nos últimos meses. Só este ano, a gasolina já acumula alta de 39%. Em setembro, avançaram também os preços do etanol (4,55%), do gás veicular (2,04%) e do diesel (1,63%).

A energia elétrica teve alta menor no IPCA-15 de setembro do que no resultado de agosto, quando a alta foi de 5%, refletindo a bandeira tarifária patamar 2, que entrou em vigor no mês passado e impôs uma sobretaxa de R$ 9,492 a cada 100 kWh de gasto na conta de luz. Mas a previsão para os próximos meses é de pressão ainda maior no custo da energia. O IPCA fechado de setembro vai refletir a nova bandeira de escassez hídrica, uma sobretaxa ainda maior, que passou a vigorar no dia 1º, com sobretaxa de R$ 14,20 a cada 100 kWh.

No IPCA-15 de setembro, também chamou a atenção a alta nas passagens aéreas, que subiram 28,76%.

O economista Alberto Ramos, da Goldman Sachs destaca que houve uma disseminação das pressões de custo para a inflação de serviços, que já está o que está contaminando as perspectivas para a inflação de 2022. Além disso, bens de consumo como eletrônicos e automóveis estão sofrendo os efeitos da alta do dólar e de restrições na cadeia de fornecimetno de insumos, por causa da pandemia.

O preço dos automóveis, por exemplo, subiu 1,70% em setembro. Os eletroeltrônicos avançaram 1,84%.

"Neste momento, a probabilidade de que o Banco Central consiga trazer a inflação para a meta de 3,5% de 2022 é baixa", resume Ramos

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