Primeiro implante cerebral em humano da Neuralink, de Elon Musk, dá defeito
Problema no dispositivo implantado no primeiro paciente da empresa é revelado justamente quando a companhia tenta autorização para implantar seu dispositivo em mais seres humanos
Em um revés para a Neuralink, companhia de tecnologia cerebral do bilionário Elon Musk, o dispositivo que a empresa implantou em seu primeiro paciente humano apresentou problemas mecânicos, informou a companhia hoje em uma publicação em seu blog corporativo.
Nas primeiras semanas seguintes à cirurgia de implante, em janeiro, o paciente Noland Arbaugh, de 29 anos, alguns dos fios de eletrodos que ficam no tecido cerebral começaram a se retrair desse tecido, fazendo com que o dispositivo não funcionasse corretamente, afirmou a empresa.
O jornal americano The Wall Street Journal já havia reportado notícias de defeitos no dispositivo. O defeito no implante é revelado justamente quando a Neuralink tenta implantar seu dispositivo em mais seres humanos. Qualquer mau funcionamento pode causar atrasos no processo de aprovação da agência americana para alimentos e medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA).
A Neuralink afirmou que compensou essa retração com uma série de correções de software, que “produziu uma melhoria rápida e sustentada que agora restabeleceu desempenho inicial do Noland”.
A empresa disse que está atualmente trabalhando para melhorar a entrada de texto no dispositivo, bem como o controle do cursor – e que eventualmente pretende estender o uso de dispositivos do mundo físico, como braços robóticos e cadeiras de rodas.
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Especialistas que atuam na área de implantes cerebrais disseram à Bloomberg que as complicações podem ter surgido do fato de os fios se conectarem a um dispositivo que fica dentro do osso do crânio, e não na superfície do tecido cerebral.
— Uma coisa que os engenheiros e cientistas não conseguem avaliar é o quanto o cérebro se move dentro do espaço intracraniano — explicou Eric Leuthardt, neurocirurgião da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St Louis. — Apenas balançar a cabeça ou movê-la abruptamente pode causar perturbações de vários milímetros.
Tradicionalmente, os cirurgiões têm instalado implantes cerebrais no topo do tecido do próprio cérebro, onde ele poderia se mover “como um barco na água”, afirmou Matt Angle, diretor executivo da Paradromics, rival “não é normal parra um implante de cérebro”.
Antes de implantar o dispositivo em Arbaugh, que é tetraplégico, a Neuralink testou extensivamente o dispositivo em animais. Um problema potencial, porém, é que, como os cérebros dos animais são menores, os eletrodos não se deslocam tanto quanto nos humanos, disse Leuthardt.