economia

Produção industrial volta a cair em agosto, aponta IBGE

Indústria cai 0,6%, eliminando avanço do mês anterior. Queda nos segmentos de combustíveis, alimentos e extrativo contribuem para recuo do indicador geral do setor

Atividade industrialAtividade industrial - Foto: Pexels

A produção industrial recuou 0,6% em agosto e acabou por eliminar o avanço do mês anterior, quando avançou nessa mesma magnitude. O desempenho negativo foi puxado pelos segmentos de combustíveis, alimentos e atividades extrativas.

Com o resultado, o setor se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia observado em fevereiro de 2020. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (5) pelo IBGE.

O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que a indústria mostrou melhora no ritmo ao longo de 2022 já que registrou avanço em cinco dos oito meses do ano. Mas volta no mês de agosto a marcar queda na produção com a característica de ser um recuo concentrado em poucas atividades.

Produção de combustíveis, alimentos e atividades extrativas em queda
Oito das 26 atividades investigadas pelo IBGE registraram queda em agosto, em relação ao mês anterior. A maior influência negativa veio do setor de petróleo e biocombustíveis cuja produção caiu 4,2%.

"Por outro lado, essa atividade, em comparações mais alongadas, mostra um comportamento positivo. Ou seja, esse comportamento de queda de agosto é algo mais pontual" esclarece o pesquisador.

Outras contribuições negativas vieram das indústrias de produtos alimentícios (-2,6%), que interrompeu três meses seguidos de alta, e indústrias extrativas (-3,6%), que eliminou parte do avanço de 4,6% acumulado em junho e julho.

"Esses três segmentos são os que mais pressionam a indústria como um todo. Juntos, eles respondem por cerca de 36% do setor industrial" explica Macedo.

Já entre as 18 atividades com expansão na produção, o destaque foram os segmentos de veículos automotores (10,8%), máquinas e equipamentos (12,4%) e outros produtos químicos (9,4%). Segundo o gerente da pesquisa, essas atividades tiveram quedas no mês passado e estão fazendo agora uma compensação desses recuos.

Estes resultados levaram o setor de bens de consumo duráveis a interromper dois meses seguidos de queda e avançar 6,1% em agosto. Também no campo positivo aparece o segmento de bens de capital, com alta de 5,2%. Na outra ponta, bens de consumo semi e não duráveis e bens intermediários recuaram, ambos, 1,4%.

Segundo Macedo, os números da indústria indicam que o setor ainda não recuperou as perdas do passado recente e, apesar da melhora no fluxo de insumos, matérias-primas e dos estoques, a situação permanece ainda distante da normalidade, o que afeta diretamente o custo de produção. Pelo lado da demanda doméstica, o pesquisador também ressalta que, apesar das medidas de incremento de renda, as famílias continuam sendo afetadas negativamente por juros e inflação em patamares elevados.

— Isso aumenta os custos de créditos, diminui a renda disponível e faz com que as taxas de inadimplência fiquem em níveis mais elevados.

Perspectivas
Economistas avaliam que o setor industrial deve andar de lado este ano diante da alta da taxa de juros, que diminui a capacidade de investimentos das empresas, e da desorganização das cadeias globais que afeta a produção.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do FGV IBRE cai 0,8 ponto em setembro, para 99,5 pontos. Segundo Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE, nota-se um pessimismo quanto ao aumento da produção por conta da desaceleração da atividade econômica e dificuldades que ainda persistem no abastecimento de alguns insumos.

"O cenário melhora um pouco no horizonte de seis meses, mas é preciso ter cautela considerando que a política monetária mais restritiva deve conter os investimentos nos próximos meses.”, comenta .

Veja também

Galaxy Ring custará R$ 3.499 no Brasil; veja funções e onde comprar o anel inteligente
TECNOLOGIA

Galaxy Ring custará R$ 3.499 no Brasil; veja funções e onde comprar o anel inteligente

Dólar recua ante o real, com liquidez reduzida e à espera de bancos centrais
BOLSA DE VALORES

Dólar recua ante o real, com liquidez reduzida e à espera de bancos centrais

Newsletter