Programa de financiamento de salários teve mais adesão entre empresas maiores
Campos Neto, nesta quinta-feira (28), participou de evento virtual promovido pelo BTG Pactual
A maior parte das empresas que financiaram folhas de pagamento com subsídio do governo tem faturamento próximo a R$ 10 milhões, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
"Quando a gente olha as empresas que pegaram o programa, está mais perto dos R$ 10 milhões [de faturamento] do que da parte debaixo, o que mostra que esse produto é mais concentrado nas empresas que tem mais faturamento do que menos. A ideia é expandir. [A linha] vai sofrer alguns ajustes nesse sentido", disse.
Campos Neto, nesta quinta-feira (28), participou de evento virtual promovido pelo BTG Pactual.
A linha financia até dois meses de folha de pagamento das empresas com faturamento de R$ 360 mil a R$ 10 milhões por ano. Esse grupo é formado por pequenas e uma parte das médias empresas. Com baixa adesão, o governo deve anunciar reformulação.
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"Esse programa vai sofrer ajustes que devem ser anunciados na semana que vem para ter um alcance maior. A gente hoje faz uma retrospectiva e vê que realmente o desembolso foi baixo", disse Campos Neto.
"O fato de não poder demitir ninguém fez com que muitas empresas achassem o programa muito restritivo e decidiram não entrar", afirmou.
Hoje, as empresas não podem demitir por igual período do contrato -se o empréstimo for de dois meses, a empresa não pode demitir nos dois meses seguintes, por exemplo.
Até segunda-feira (25), de acordo com dados do BC, apenas 4,75% dos R$ 40 bilhões disponíveis para a linha de crédito destinada a cobrir salários do setor privado foram emprestados.
Ao todo, foram R$ 1,9 bilhão em empréstimos para 78,8 mil empresas. Até agora, 1,2 milhão de funcionários foram beneficiados.
Quando o programa foi lançado, em 27 de março, o BC estimou que cerca de 12 milhões de pessoas e 1,4 milhão de empresas seriam contempladas.
A medida foi lançada pelo BC com o Ministério da Economia e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O governo entra com 85% dos recursos e os bancos com 15%.
O custo para a empresa, quando anunciado, era igual à taxa básica (3,75% ao ano -a Selic caiu, no começo de maio, para 3% ao ano), sem spread (diferença entre a taxa de captação de recursos e a taxa cobrada em financiamentos) para os bancos, com carência de seis meses para pagar e em 36 parcelas.
Segundo o presidente do BC, mais medidas serão anunciadas. "Entendemos a dificuldade do crédito chegar à ponta, principalmente para empresas pequenas", afirmou.