CEBOLICULTURA

Programa de melhoramento genético do IPA incrementa qualidade da cebola produzida em Pernambuco

Instituto já conta com 13 cultivares registradas e deve lançar uma nova, muito mais resistente, até 2025

As cultivares de cebola do IPA são de polinização abertaAs cultivares de cebola do IPA são de polinização aberta - Foto: Divulgação

Em Pernambuco, a produção de cebola, terceira hortaliça em importância econômica no País, tem no programa de melhoramento genético do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) o principal responsável pela qualidade cada vez melhor da hortaliça cultivada no Estado. O instituto hoje conta 13 cultivares de cebola registradas.

Cultivares são espécies de plantas melhoradas (geneticamente) devido à alteração ou introdução, pelo ser humano, de uma característica que antes não possuíam, distinguindo-se das outras variedades da mesma espécie por sua homogeneidade, estabilidade e novidade.

Quando criadas, as cultivares recebem um nome único e são devidamente registrados com base nas suas características produtivas, decorativas ou outras que o tornem interessante para cultivo. Duas das mais recentes cultivares do instituto, Franciscana IPA10 e ValeOuro IPA11, são plantadas nos campos de produção de sementes de cebola a partir de bulbos vernalizados, nas estações experimentais que o IPA mantém em Ibimirim e Arcoverde, interior do Estado.

O IPA produz a semente genética e, a partir dela, a básica, que é vendida para produtores de sementes autônomos ou empresas, que compram para produzir sementes comerciais. “Eles produzem as comerciais e são obrigados a embalá-las com o nome da variedade concedido pelo IPA, e os agricultores compram essas sementes no mercado para plantar”, acrescenta.

Desde a década de 1970, o IPA vem trabalhando com o melhoramento genético de cebola. “Antes disso, as colheitas eram muito fracas”, lembra o pesquisador e supervisor do Programa Hortaliça do IPA, Júlio Mesquita. Ainda de acordo com o pesquisador, a cebola não suportava viajar sequer de Petrolina a Aracaju, porque apodrecia ainda na carroceria do caminhão. “E se fosse viagem muito longa, como para São Paulo ou outro Estado mais distante, chegava derretida ao destino”, acrescenta ele.

A mais recente variedade disponibilizada pelo IPA é a BrisaVerão IPA13, com a especificidade para plantio em época de temperaturas e fotoperíodo (duração do dia em relação à noite em um tempo de 24 horas, que exerce influência sobre a floração, pois aponta as estações do ano) crescentes, objetivando com essa ação, contribuir com a sustentabilidade socioeconômica da cebolicultura no semiárido do Nordeste brasileiro.

O instituto promete uma nova variedade ainda mais resistente que a atual até o final de 2025, que está em fase de pesquisa. “A gente só pode divulgar o nome depois que registra”, alerta Mesquita. Além de possuírem maior resistência a doenças, garante o pesquisador, esses novos cultivares serão também mais produtivos.

“Quando eu digo produtivo, estou querendo dizer que eles produzem mais cebolas por hectare. Por exemplo, se se tira em torno de 30 toneladas por hectare, com uma maior produtividade passe-se a tirar mais ou menos 40 toneladas por hectare”, ilustra Mesquita.

As cultivares de cebola do IPA são de polinização aberta e utilizadas pela maioria dos produtores de cebola de base familiar do Norte/Nordeste e até de outros país da África e Cabo Verde, principalmente devido sua elevada resistência ao mal de sete voltas, doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides cepae, e ao tripes Thrips tabaci.

O grande uso de cultivares de polinização livre (OPs) na Região Nordeste se dá pelo elevado preço das sementes híbridas, e a escassez de híbridos adaptados as condições tropicais da região, principalmente no que diz respeito à resistência a pragas e doenças.

Para que determinada cultura possa ser explorada por longos períodos, de modo sustentável e econômico, em uma região é necessário ser contínuo o programa de melhoramento genético para se obter novas cultivares, bem como, ajustar as cultivares comerciais através do pós-melhoramento.

O melhoramento genético é uma ciência utilizada em plantas e animais para a obtenção de indivíduos ou populações com características específicas. Ou seja, é a seleção ou alteração intencional do material genético – código que traz as características e está presente em todos os seres vivos –, visando o desenvolvimento de novas características desejáveis. No caso da cebola, maior resistência e produtividade, sabor, cor etc.

Quando se modifica geneticamente um animal ou planta, introduz-se um gene diferente do próprio indivíduo, resultando, assim, em um indivíduo modificado e herdeiro das características contidas no material genético introduzido. Todos os genes, sejam humanos, vegetais, animais ou bacterianos, são criados a partir do mesmo material.

No ranking nacional, Pernambuco, de acordo com dados do IBGE do ano passado, é o oitavo maior estado produtor de cebola, ficando abaixo, na ordem decrescente, de Santa Catarina (492.740 toneladas), Bahia (278.310 t), Minas Gerais (212.251 t), São Paulo (183.443 t), Goiás (144.177 t), Rio Grande do Sul (135.359 t) e Paraná (117.210 t).

Em 2022, Pernambuco, que tem como maior produtor o Belém do São Francisco, teve uma quantidade produzida de cebolas de 53,8 toneladas, que equivale a R$ 163,6 mil, em uma área colhida de 2,3 mil hectares, distribuídos em 827 unidades agrícolas, com rendimento médio de 22,4 mil quilos por hectare.

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