Logo Folha de Pernambuco

BRICS

Quais países querem ser parte dos Brics?

Brasil, Rússia, China e Índia fundaram este bloco em 2009. A África do Sul se juntou ao grupo um ano depois

Cúpula do Brics na África do SulCúpula do Brics na África do Sul - Foto: Marco Longari / AFP

O grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) começa uma nova reunião de cúpula nesta terça-feira (22), desta vez em Johannesburgo, que tem como um dos principais temas de discussão sua ampliação, com a inclusão de outras potências emergentes ou países de outro tipo.

Os cinco países dos Brics representam hoje 23% do PIB mundial, 42% da população e mais de 16% do comércio global. Mais de 20 países já apresentaram uma demanda formal para ingressar no bloco, incluindo Argélia, Argentina, Bangladesh, Cuba, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Vietnã. Outros, como México, Paquistão e Turquia, manifestaram interesse, embora sem formalizá-lo.

Brasil, Rússia, China e Índia fundaram este bloco em 2009. A África do Sul se juntou ao grupo um ano depois.

A África do Sul trabalha em uma lista de "diretrizes" para a entrada de novos membros.

Dada a diversidade geográfica, econômica e política dos candidatos, "é difícil ver quais seriam os critérios para uma possível expansão", disse à AFP John Stremlau, especialista em Relações Internacionais da Universidade de Witwatersrand, em Joannesburgo.

Possível evolução geopolítica
A chegada de novos países pode alterar o equilíbrio geopolítico do bloco, segundo analistas.

Apesar da disparidade geográfica de seus membros, eles convergem na reivindicação de um equilíbrio político e econômico mundial, mais inclusivo, particularmente em relação aos Estados Unidos e à União Europeia.

Entre os novos candidatos, há países historicamente não alinhados, como Indonésia e Etiópia, mas também outros com uma relação mais hostil com os Estados Unidos, como Irã e Venezuela.

"Se o Irã se juntar ao Brics", ou a Arábia Saudita, "isso mudará, obviamente, a dimensão política do grupo", diz Cobus Van Staden, pesquisador sul-africano especializado nas relações China-África.

Uma alternativa?
Criado em 2015 pelos Brics para ser uma alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) já acolheu Bangladesh, Egito e Emirados Árabes Unidos como novos membros. O Uruguai deve se juntar em breve.

No entanto, "se o grupo quiser continuar sendo o grupo das 'grandes economias emergentes', seria lógico que os países do Sul que fazem parte do G20 ingressassem no bloco", diz Stremlau, referindo-se à Arábia Saudita, ou à Indonésia.

A Argentina também atenderia a esse perfil.

Segundo o analista, "será necessário muito tempo e muita prática de uma dura disciplina como a diplomacia" para competir com o G20, ou o G7.

Ambições chinesas
Antes de discutir as condições de entrada, os países dos BRICS devem chegar a um acordo sobre a conveniência de expandir o bloco. A questão da expansão divide, sobretudo, Índia e China, as duas economias mais fortes entre seus cinco membros.

Pequim quer ampliar sua influência, enquanto Nova Delhi desconfia das ambições de seu rival regional. Rússia e África do Sul também apostam na ampliação, enquanto a posição do Brasil é mais ambígua.

Veja também

Petróleo sobe por riscos geopolíticos vinculados ao conflito na Ucrânia
Petróleo

Petróleo sobe por riscos geopolíticos vinculados ao conflito na Ucrânia

Transição energética não pode ser mais mitigada como no passado, diz Wilson Ferreira Jr.
DESCARBONIZAÇÃO

Transição energética não pode ser mais mitigada como no passado, diz Wilson Ferreira Jr.

Newsletter