Carreiras

Quando é a hora de se reposicionar no mercado de trabalho

Tem sido mais comum, nos últimos tempos, profissionais decidirem dar uma guinada e escolher outra profissão

Alanna MaltezAlanna Maltez - Foto: Anna Christina da Cunha/Divulgação

O crescimento do desemprego e a insatisfação por motivos variados são dois dos principais fatores que têm favorecido o reposicionamento de profissionais no mercado no trabalho. Por outro lado, as incertezas do cenário econômico têm feito com que o surgimento de novas oportunidades, em alguns setores, fique comprometido, dificultando a migração.

Para a psicóloga e orientadora de carreira da Unit-PE, Karina Paz, a demissão é um dos principais motivos que leva uma pessoa a buscar uma nova profissão, pois como ela vai começar do zero, pode tentar buscar algo novo se não estava feliz com a atividade que exercia.

“Às vezes, a demissão vem porque o profissional já não está mais entregando o que o deveria à empresa ou essa organização está passando por um processo interno. Então, é um momento de autoconhecimento, de reavaliar a carreira, ou seja, a partir dali o que pode fazer”.

Busca por conhecimento
Para Karina, o aumento da competividade em todas as profissões nos últimos anos tem feito com que a busca por conhecimento seja incessante para quem quer migrar. “É preciso estar sempre se atualizando sobre aspectos da carreira que se quer seguir.

Às vezes, um pequeno diferencial entre você e outro candidato faz com que ele fique com a vaga, mas não é porque você não tem competência. É porque o conhecimento dele foi um pouquinho maior que o seu.

Como o mercado é competitivo, o conhecimento tem que ser priorizado, sempre”, aconselhou.   

O network (rede de contatos), ferramenta essencial para quem busca reposicionamento no mercado, segundo Karina, deve ser contínuo e estratégico.

“Não é só estar próximo a pessoas que possam indicar você, mas também que conheçam, de fato, suas competências e que podem, inclusive, trabalhar contigo dificuldades que você tenha e ajudá-lo com isso”, detalhou.

Mudança dupla
A publicitária Alanna Maltez, 35 anos, trabalha na área de tecnologia desde 2021. Antes, disso, no entanto, já teve outras duas profissões. Durante a graduação, ela começou a trabalhar em agência de propaganda como redatora digital.

Em 2010, iniciou mestrado em comunicação, com foco na vida acadêmica. “Terminei o mestrado em 2013. Era uma época em que as faculdades particulares pediam carga horária, e você não tinha mais para oferecer. A gente tinha uma remuneração mais digna”, lembrou.

A decisão de abandonar a publicidade e investir na carreira acadêmica veio, segundo ela, a partir da percepção de que, como professora, o retorno seria para ela própria, o que não acontecia quando estava na agência.

Em 2021, em plena pandemia, Alanna começou a pensar em mudar de profissão de novo. Fez cursos em gastronomia, mas ainda não era isso que queria. Pensou também em empreender, mas desistiu.

Incentivada pelo irmão, que é da área, resolveu, então, fazer cursos voltadas à tecnologia e desde novembro de 2021 é product owner numa Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT).

Como não tem filhos ou alguém que dependa dela, Alanna pode se dar ao luxo de trabalhar menos e ganhar menos para ter tempo para estudar pensando no reposicionamento.

“A migração não é começar do zero. Os anos que você tem de experiência em outra área não são perdidos. Muitas das soft skills que adquiri nas profissões anteriores me ajudam bastante no trabalho que tenho hoje”.


Setor têxtil
Rodrigo Rodrigues, 33 anos, é graduado em educação física desde 2014, mas assim como Alanna, já migrou de profissão várias vezes.

Hoje, ele é gerente de Produção da Marware, empresa de confecções no município de Surubim, no Agreste.

“A habilidade para lidar com pessoas, a boa comunicação e a facilidade para resolver conflitos, que são dons que eu tenho, ajudaram-me em todos os cargos que exerci até hoje”, revelou.

Mas até chegar a Marware, Rodrigo mudou de profissão outras quatro vezes. Começou como personal trainer; passou para uma empresa de equipamentos de laboratórios; depois outra de empréstimos consignados e também programador.

“Nos dois últimos meses de 2021 e nos primeiros de 2022, me dediquei a fazer cursos de programação e consegui um emprego, com um salário razoável em uma empresa de fora”, contou.

O emprego foi a primeira experiência em home office de Rodrigo. “A empresa cedia o equipamento, e eu trabalhava das 8h às 18h, com intervalo para almoço. Foi uma experiência diferente. Como estava em casa, nem me sentia trabalhando, mas no final de 2022 houve muitas demissões na área e a empresa me dispensou”, detalhou. 

O atual trabalho de Rodrigo, no setor de confecções, parece estar longe de ser a sua última transição de carreira. Ele está aguardando ser convocado para um emprego público.

No ano passado, fez um concurso para agente da Polícia Penal Federal, passou por todas as seis etapas do certame, foi aprovado, e só está esperando ser chamado. 

“Gosto muito do meu emprego atual, é uma área que eu me dei bem, mas a PPF tem muito mais a ver comigo. Acho que vou gostar. Sem falar na estabilidade que terei como funcionário público”.

Oportunidades de desenvolvimento
Ao procurarem novas oportunidades, tanto Alanna como Rodrigo estão obedecendo aos ciclos da trajetória da vida profissional, que remetem a novas oportunidades de desenvolvimento.

Segundo especialistas da área, esses ciclos não têm um período determinado, variam de pessoas para pessoas. O tempo irá depender, por exemplo, da área em que o profissional atua, do grau de motivação dele e também se continuar naquela profissão ainda faz algum sentido. 

Estudos mostram que é perceptível que um ciclo está próximo do fim quando algumas percepções do profissional - como falta de perspectiva de crescimento na carreira;  perda de interesse; insatisfação com cargo; e questões ligadas à saúde mental por conta do trabalho (irritação contínua, desmotivação, estresse etc.) - começam a dar os primeiros sinais.

Quaisquer dessas situações mostram que chegou o momento de reavaliar a carreira. Cabe decidir, então, se vale a pena arriscar mudar ou não o rumo da trajetória profissional.

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