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Dinheiro extra

Quitar dívidas ou investir? Saiba o que fazer com o 13º salário

Com tantas despesas no final do ano, um dinheiro extra é uma verdadeira mão na roda

O 13º salário ajuda o trabalhador a quitar dívidas e realizar sonhosO 13º salário ajuda o trabalhador a quitar dívidas e realizar sonhos - Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O mês de dezembro é cheio de gastos: presentes de Natal, amigo secreto, confraternizações, viagem de férias, renovação de matrículas e por aí vai. Com tantas despesas, um dinheiro extra é uma verdadeira mão na roda. E basta chegar os dois últimos meses do ano que a dúvida sobre o que fazer com o 13º salário começa a tomar conta dos trabalhadores, aposentados ou pensionistas que recebem o pagamento. 

Toda essa dúvida parte muitas vezes do desejo de não gastar a quantia recebida apenas para a quitação de dívidas e pagamento de contas que chegam em janeiro. Há também a vontade de destinar uma parte do dinheiro para que ele possa render mais. Dessa forma, saber o que fazer com o seu décimo é essencial para a construção de um bom planejamento financeiro, não só para este período, mas para o resto do ano. 

A balconista Shyrlene Perminio, de 40 anos, afirma que se organiza o ano inteiro para não entrar no ano seguinte com dívidas anteriores. “Eu tento me organizar a cada mês com meu salário. Quando eu recebo meu décimo, pago as dívidas que foram feitas anteriormente já contando com ele. Também costumo quitar alguns pagamentos com o décimo para não entrar o ano no vermelho e virar uma bola de neve”, explica. 

Shyrlene Perminio

Já para Fabiana Leal, coordenadora administrativa, o 13º ajuda bastante nas despesas dos filhos em janeiro. “Eu tenho dois filhos, Arthur e Estevão, e o começo do ano envolve também alguns gastos a mais por conta da escola. Livros, fardas e material escolar entram na conta quando fazemos o planejamento do valor do décimo aqui em casa. Além disso, também aproveito para pagar alguma conta da casa ou pessoal”, diz Fabiana, que complementa: “Como sei que todo início do ano tenho essas obrigações de pagamentos, seja em casa ou com algo relacionado a escola dos meninos, espero o valor do décimo para não fazer novas contas no cartão e ficar com mais débito depois”. 

Para o advogado Lucas Fernandes, de 31 anos, o décimo é bem planejado: ele utiliza o dinheiro para realizar compras que foram almejadas durante o ano inteiro, mas boa parte é, sim, para quitar algumas dívidas de cartão de crédito.  “Sempre me planejo para comprar alguma coisa ou “arrumar” algum canto da casa que não coube no orçamento durante o ano. Mas quase sempre ele acaba, na verdade, entrando para amortizar ou saldar dívidas de cartão de crédito ou algum pequeno empréstimo, por exemplo, que se acumularam durante os meses. Sempre uso esse dinheiro extra para equalizar as contas e entrar no ano seguinte mais “folgado””, explica o advogado. 

Lucas também explica que o décimo o ajuda com imprevistos e emergências. “Sempre estou tentando organizar as finanças, mas quando se está com o orçamento apertado, sem reservas, qualquer imprevisto, por menor que seja, desorganiza tudo.  Às vezes, quando acabo um parcelamento, incluo no meu orçamento algo que estava precisando priorizar. Foi assim que consegui aderir a um plano de saúde. Desde que essa não ultrapasse um valor “x” predeterminado. É arriscado, pois acabo não conseguindo fazer uma reserva emergencial. Assim, os imprevistos são sempre compensados pelo décimo terceiro salário. Ele sempre organiza o que não deu certo durante o ano”, conclui.

Lucas Fernandes

O que fazer com o 13º?

Para não ter erro de como usar o décimo este ano, o especialista Fabrício de Lucca, planner sênior da casa de análise do TC, afirma que é importante planejar como o dinheiro será gasto. “Todos os anos se iniciam com vários boletos a serem pagos: IPVA, rematrícula de colégio, material escolar, seguros, etc. Sempre que possível, é muito bem-vindo parcelar sem juros todo tipo de despesa, evitando assim se descapitalizar. Amortizar ou quitar dívidas é a maior prioridade com este dinheiro. Com o montante remanescente, se for o caso, vale a pena poupar e investir”, diz Fabrício.

Fabrício também alerta para o que não fazer quando estiver com o décimo terceiro em mãos. “Gastar o 13º salário sem planejamento é um grande erro. Seja ao adquirir um bem por qualquer preço sem pesquisa prévia; fazer uma viagem que poderia ser menos onerosa em despesas com hotel e passagem aérea se houvesse definido tudo com antecedência; ou até mesmo fazer investimentos no mercado financeiro sem ter a certeza se, de fato, são adequados ao seu perfil de investidor, momento de vida, tolerância a risco e objetivos”, pontua.

Fabrício de Lucca

Já para quem deseja investir, o especialista dá dicas. “O momento é oportuno para investir em renda fixa pós-fixada, seja via Fundos de Investimento Referenciado DI, CDB pós-fixado ou o título público Tesouro Selic, pois temos uma taxa básica de juros (Selic) elevada hoje a 13,75% ao ano. São investimentos com mínima volatilidade, liquidez diária e alta rentabilidade no cenário atual. Para o investidor que já possua uma boa reserva de emergência/oportunidades (sugiro de três a seis vezes a renda mensal em algum desses tipos de investimento citado), também faz sentido diversificar em outros indexadores de remuneração de renda fixa, como IPCA+”. 

Vale ressaltar que essa rentabilidade somente se concretizará em caso de permanência até o vencimento do título. Se desejar fazer um resgate parcial ou total antes do vencimento, é possível. O próprio Tesouro Direto faz a recompra. Porém, dependendo das condições de preço de mercado, se houver variação positiva da taxa pré-fixada negociada nesse título, o investidor poderá sair com uma rentabilidade significativamente menor do que a pactuada na compra do título. Por isto, a importância de ter o horizonte de tempo sem necessidade de uso do capital investido, neste exemplo até 2026.

A educadora financeira Bruna Allemann também pontuou dicas importantes para os trabalhadores que receberão o décimo. “O fim de ano é uma época que implica mais gastos. Muitas dívidas surgem nesse período por causa da falsa sensação de dinheiro sobrando na conta. Mas antes de sair gastando, é preciso organizar as contas e avaliar quais são suas prioridades no momento”, diz Bruna.

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