Justiça

Racismo na Tesla: empresa de Musk é alvo de processo que pode ter a adesão de 240 trabalhadores

Ex-funcionário solicita que sua queixa vire ação coletiva, com impacto maior para empresa. Empregados relatam pichações racistas e terem sido chamados de 'macaco' no local de trabalho

Carro modelo Y, da Tesla, empresa pioneira em veículos elétricos nos Estados Unidos Carro modelo Y, da Tesla, empresa pioneira em veículos elétricos nos Estados Unidos  - Foto: Patrick Pleul/AFP

Um ex-funcionário da linha de montagem da Tesla entrou com uma ação na Justiça alegando que a empresa é um “celeiro para comportamentos racistas” e já reuniu declarações de 240 outros ex-funcionários e tercerizados da empresa que são negros e afirmam também terem sido alvo de ofensas raciais.

A queixa foi apresentada em 2017 mas, nesta segunda-feira, seu autor, o ex-funcionário da Tesla Marcus Vaughn, solicitou à corte de Oakland, na Califórnia, que seu pleito ganhe o status de ação coletiva. É uma modalidade de processo previsto na legislação americana que prevê que outros reclamantes possam aderir a uma ação já iniciada.

Marcus Vaughn diz que o status de ação coletiva apontaria a falha da Tesla em interromper um “padrão de discriminação racial” e acabar com a hostilidade no ambiente de trabalho na fábrica de Fremont, Califórnia.

Seu pedido já teve o apoio de 240 outros ex-funcionários e terceirizados que afirmam que também foram ofendidos por pichações racistas espalhadas em áreas comuns da fábrica, além de serem chamados por colegas de supervisores por termos caluniosos, incluindo a “palavra com n” (nigga, termo ofensivo usado nos Estados Unidos), “moleque” e “macaco”.

Se o processo ganhar o status de ação coletiva, esses trabalhadores poderão aderir a ela.

Os advogados de Vaughn disseram que até 6 mil trabalhadores negros seriam elegíveis para ingressar no caso, embora nem todos possam requerer indenização.

A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. As empresas normalmente tentam impedir que os processos ganhem o status de ação coletiva, o que permite que os demandantes consigam um poder maior de negociação em caso de acordo para encerrar o processo.

Se um juiz do tribunal estadual de Oakland concordar em deixar Vaughn ampliar o caso, isso aumentaria as apostas contra a empresa de Elon Musk. Em abril, um júri em San Francisco concedeu a um trabalhador US$ 3,2 milhões em danos por reivindicações semelhantes.

A Tesla inicialmente respondeu ao processo de Vaughn com uma postagem no blog intitulada “Celeiro ou desinformação”, negando irregularidades e dizendo que a empresa havia demitido três pessoas após investigar supostos incidentes.

Uma trabalhadora que foi demitida em 2018 afirmou em uma declaração judicial que um colega de trabalho disse que ela tinha “dedos de macaco”, enquanto outro a chamava de “Nicki Minaj”, embora sua única semelhança com a rapper seja que ambas são mulheres negras.

Outro trabalhador que pediu demissão em 2020 disse que foi instruído a “manter a cabeça baixa” e cuidar da sua vida quando reclamou sobre o uso de “linguagem ofensiva” e tratamento injusto de um supervisor branco a funcionários negros.

A palavra com 'n', ofensa grave nos EUA
Um terceiro trabalhador disse que continuou a “se sentir indesejável e inseguro” depois de reclamar por ter sido chamado pela “palavra com n” e ter sido ignorado.

A Tesla foi alvo de uma série de processos — incluindo um aberto pelo estado da Califórnia em fevereiro do ano passado — sobre o tratamento dado a funcionários negros e trabalhadores contratados na fábrica de Fremont.

Em 2017, Vaughn trabalhou de abril a outubro no chão de fábrica, primeiro como contratado por meio de uma agência de recrutamento, antes de ser admitido pela Tesla em agosto. Uma audiência está marcada para 14 de julho.

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