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AUMENTO

Reajuste da Petrobras deve ter impacto de até 0,21 ponto percentual na inflação

Para economistas, aumento dos preços dos combustíveis anunciados nesta segunda pela estatal deve reforçar postura de cautela do Banco Central

Reajuste da Petrobras deve ter impacto de até 0,21 ponto percentual na inflaçãoReajuste da Petrobras deve ter impacto de até 0,21 ponto percentual na inflação - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O reajuste de preços da gasolina e do gás de cozinha (GLP) anunciados nesta segunda-feira pela Petrobras devem ter um impacto de até 0,21 ponto percentual na inflação deste ano, entre os meses de julho e agosto, em um momento em que o Banco Central já toma uma postura cautelosa diante da desancoragem de expectativas por parte do mercado sobre o IPCA em 2024 e um câmbio mais alto do que o esperado.

Para economistas, o aumento nos preços dos combustíveis deve reforçar ainda mais a postura de cautela da autoridade monetária, que já interrompeu o ciclo de cortes na taxa Selic na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

André Braz, Coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, estima um impacto de aproximadamente 0,13 ponto percentual no IPCA por conta do reajuste de preços da Petrobras.

Segundo ele, cerca de dois terços desse aumento seriam refletidos na leitura da inflação de julho, enquanto o restante seria observado em agosto. Para ele, esse aumento nos preços tem mais a ver com a desvalorização do real frente ao dólar nas últimas semanas ao invés da variação da cotação do petróleo no mercado internacional, apesar do reajuste da estatal ainda estar abaixo dos preços de referência no exterior.

— O Brasil importa muita gasolina, e importar com o câmbio nesse patamar é realmente muito mais caro. Mas cotação do dólar não deve se manter nesse patamar e tem espaço para cair, então não sabemos se para o final do ano, podemos ter uma revisão para baixo na gasolina. Tudo vai depender da variação do preço do barril de petróleo e da taxa de câmbio — ele diz.

Braz não descarta a possibilidade de isso pressionar o Copom a elevar a Selic, apesar de achar isso improvável. Para ele, a alta nos preços dos combustíveis não deve mudar a postura do Copom, que já se mostrou comprometido a manter os juros em patamar alto até a inflação convergir para a meta.

— Dado a escalada do câmbio, possibilidade (de elevar a Selic) há, mas a acho que a autoridade monetária tá de olho em onde a inflação vem se espalhando. Recentemente, as coletas de preço mostram uma desaceleração na inflação de alimentos e a pressão vai ser menor do que a inicialmente prevista, então isso já diminui as chances de alguma alta de juros em 2024.

Já a Ativa Investimentos vê um impacto de 0,17 p.p. no IPCA neste ano por conta do reajuste de preços na gasolina. Para o economista-chefe, Étore Sanchez, se a Petrobras zerar a defasagem do combustível, o impacto será de 0,25 p.p.

Ele estima que isso irá chegar ao consumidor na segunda quinzena de julho, com impacto na leitura do IPCA consolidado deste mês.

A XP Investimentos projeta um impacto de 0,21 ponto percentual no IPCA, sendo 0,14 p.p. na leitura de julho e 0,07 p.p. em agosto.

O BTG Pactual elevou sua projeção para o IPCA em 2024 de 4,0% para 4,4% nesta segunda-feira, citando o impacto do aumento de preços de combustíveis anunciado pela Petrobras em nota. A estimativa para 2025 permanece inalterada.

Para os analistas do banco, o reajuste da gasolina terá um impacto direto de 0,13 ponto percentual na inflação, além de um impacto indireto de 0,04 p.p. via etanol. O aumento dos preços do gás de cozinha (GLP) adicionará cerca de 0,04 p.p. ao IPCA. No total, o impacto será de 0,21 p.p.

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