Receita Federal

Receita estuda medidas para cobrar imposto de aluguéis não declarados por anfitriões no Airbnb

Setor hoteleiro reclama que sonegação de IR por usuários que alugam pelas plataformas gera competição desleal

Setor hoteleiro reclama que a sonegação dos anfitriões do Airbnb é grande, tornando a competição injustaSetor hoteleiro reclama que a sonegação dos anfitriões do Airbnb é grande, tornando a competição injusta - Foto: Flickr

A Receita Federal está estudando medidas para cobrar impostos sobre a renda não declarada com aluguéis de imóveis por meio do Airbnb e das demais plataformas digitais.

Assim como na atividade de locação tradicional, os valores recebidos pelos chamados anfitriões, donos dos imóveis alugados pelas plataformas, estão sujeitos a Imposto de Renda (IR), mas o setor hoteleiro reclama que a sonegação é grande e torna a competição injusta.

O tema, revelado pelo Estadão e confirmado pelo Globo, foi discutido em uma reunião nesta segunda-feira entre representantes do setor hoteleiro e o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas.

Segundo o presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), Orlando Souza, o Fisco afirmou que já está preparando e deve divulgar ainda este ano medidas para reduzir a sonegação por parte de quem aluga via Airbnb.

A Receita não comenta o assunto.

Mas pessoas a par do tema admitem que há uma negociação sobre o desenho de medidas que devem sair em breve.

Também devem ser cobrados impostos que não foram pagos nos últimos cinco anos, mas a tendência é abrir a possibilidade de autorregularização pelos contribuintes, o que reduz a multa devida.

Segundo estimativas realizadas pelo Fohb, a sonegação nos últimos cinco anos pode alcançar R$ 15 bilhões.

As medidas, se lançadas, estão alinhadas com um esforço da Receita desde o início do ano passado de aumentar a conformidade tributária.

Além disso, embora os valores sejam pequenos, também podem ajudar na difícil tarefa enfrentada pelo governo para fechar as contas.

Na avaliação de Souza, é necessário um mecanismo para que a Receita possa cruzar o movimento financeiro que ocorre com a intermediação da plataforma.

Um caminho seria copiar o modelo já utilizado em aluguéis de longa duração.

As imobiliárias tradicionais são obrigadas a informar a Receita sobre as operações de aluguel por meio da Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (Dimob).

Assim, o Fisco pode cruzar as informações da empresa com a dos clientes e cobrar os impostos devidos.

— Nossa conversa com a Receita é em cima de quem recebe os alugueis, os anfitriões, que teriam que declarar esse rendimento para o Fisco. Em uma imobiliária física tradicional, existe uma obrigação acessória de passar informações por meio da Dimob. No caso das plataformas, não há essa obrigatoriedade hoje — diz. — Ficamos animados porque é um primeiro passo.

O presidente do Fohb afirma que a hotelaria é um setor altamente regulado no Brasil, não só em termos tributários, como trabalhistas, ambientais e de acessibilidade.

No campo tributário, Souza diz que a reforma tributária traz avanços na taxação de empresas para uma competição mais justa entre hotéis tradicionais e plataformas.

— Temos que cumprir uma série de requisitos. As plataformas, por outro lado, não são reguladas em absolutamente nada — Estamos em contato com a Receita há um bom tempo para tentar ver como regular o modelo das plataformas. Nada contra o modelo. A discussão da economia digitalizada já caducou, ninguém vai discutir Ifood, Uber, mas tem que ter regulação para que tenha um equilíbrio concorrencial com o modelo mais tradicional — diz Souza.

Procurado, o Airbnb ainda não respondeu os contatos.

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