IMÓVEIS

Recife tem o terceiro aluguel mais caro do Brasil, mostra índice

Locação de imóveis acumulou alta de 16,16% em 2023, segundo o Índice FipeZap. Para especialistas, aumento é influenciado pelos juros altos

Inflação do aluguelInflação do aluguel - Foto: Branda Alcântara/Arquivo Folha

Leia também

• IPTU 2024 do Cabo de Santo Agostinho terá desconto de 20% na parcela única

• IPTU 2024: Recife e Jaboatão divulgam calendário e anunciam descontos; saiba de quanto

O preço dos imóveis para aluguel no Brasil acumulou alta de 16,16% em 2023, em média, de acordo com o Índice FipeZap, bem acima da inflação oficial do país no ano passado, medida pelo IPCA, que foi de 4,62%. Mas entre as capitais, houve saltos ainda maiores, de acordo com os dados do Índice FipeZap, divulgado nesta terça-feira (16). O Recife fechou o ano com o terceiro metro quadrado mais caro do Brasil.

Nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, o aumento em um ano foi de 13,28% e 19,79%, respectivamente. Mas a capital de Goiás conseguiu deixar as duas no chinelo. Goiânia liderou a valorização dos imóveis para locação no país, com variação positiva de 37,28% em apenas um ano.

Além da capital de Goiás, completam o pódio de aluguéis que mais encareceram Florianópolis e Fortaleza, com altas de 27,68% e 21,95%, respectivamente.

O índice FipeZap monitora 25 cidades brasileiras — incluindo 11 capitais — a partir de milhares de anúncios do portal Zap Imóveis desde 2010. É uma parceria entre o portal e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em 2023, o índice apontou valorização do preço dos aluguéis em todos os municípios avaliados.

Índice que corrige aluguéis teve retração
Além de muito superior à inflação oficial, o aumento expressivo dos aluguéis nas capitais acontece no ano em que o IGP-M, índice de referência para reajustes de locação, registrou queda de 3,18%. Os números do FipeZap captam principalmente a alta dos novos contratos firmados em 2023.

O economista do FGV Ibre André Braz explica que o mercado de locação é influenciado pela política monetária. Mesmo com os cortes na taxa básica de juros (Selic) em 2023, o custo dos financiamentos continua alto. A Selic, que fechou o ano em 11,75% ao ano, influencia as taxas do crédito imobiliário.

Se o juro é alto, a tendência é que potenciais compradores de imóveis adiem essa decisão à espera de melhores condições, o que eleva a demanda pelo aluguel. Afinal, financiamentos imobiliários são compromissos de longo prazo.

"Mesmo com os cortes, a taxa básica de juros continua alta. Quem tem vontade de comprar um apartamento não se compromete e com isso a maioria fica no aluguel, que, consequentemente, está valorizado", explica o economista do FGV Ibre André Braz.

O publicitário Fabrício Filgueira, de 22 anos, mora em um imóvel alugado em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ele diz ter notado um aumento nos preços nos últimos dois meses e diz que o seu próprio aluguel não está fácil de encaixar no orçamento. É preciso fazer um esforço para fechar as contas.

"Já deixei de fazer muitas coisas por causa de contas e do aluguel em si. Eu não ganho muito, boa parte do meu salário é destinado ao aluguel e contas de fim de mês", conta.

Mesmo com o aumento, o publicitário não pensa — pelo menos por agora — em se mudar. Ele já chegou a procurar em outras regiões por imóveis para alugar, mas encontrou valores ainda mais altos.

São Paulo é a capital mais cara para alugar
Apesar de São Paulo não ter uma das maiores altas em relação à variação do aluguel (13,28%), é a capital com o preço médio do metro quadrado mais elevado: R$ 51,62/m², segundo o índice FipeZap. Na sequência aparecem: Florianópolis (R$ 49,81/m²), Recife (R$ 47,78/m²) e Rio de Janeiro (R$ 45,10/m²).

Em relação ao preço do aluguel por metro quadrado, o índice destaca: Barueri (SP), com R$ 59,06/m², Santos (SP), com R$ 45,50/m²; São José (SC), com R$ 37,88/m²; São José dos Campos (SP), com R$ 37,85/m²; e Campinas (SP), com R$ 24,87/m².

Imóveis menores têm maiores altas
Com o fim das restrições impostas pela Covid-19, muitos brasileiros retornaram para locais próximos ao seus trabalhos. Para Braz, esse movimento também aumentou a demanda e valorizou os imóveis disponíveis para locação, particularmente os pequenos.

De acordo com o FipeZap, os imóveis com um dormitório registraram valorização acima da média, com alta de 19,23%. As unidades residenciais com um quarto também apresentaram maior valor médio, R$ 54,74/m².

Para Alisson Oliveira, Coordenador do Índice FipeZap, a valorização de imóveis menores tem relação com o perfil demográfico brasileiro. O censo de 2022, divulgado no ano passado, mostrou uma redução no número de membros das famílias. Oliveira destaca que os imóveis menores passam a ser mais procurados e, consequentemente, ser tornam mais valorizados.

"O número médio de pessoas por domicílio tem caído e isso acaba gerando maior demanda por imóveis menores. Esses imóveis têm preços mais acessíveis também e acabam atraindo mais público. Sempre que o preço de um bem aumenta, é porque tem uma variação de demanda maior que a oferta".

Aluguel deve manter tendência de alta
Para 2024, o valor do aluguel deve continuar com tendência de alta, apontam especialistas. Isso porque, mesmo que a taxa básica de juros continue sofrendo reduções, os efeitos para que no financiamento de imóveis só deve ser sentida entre 2025 e 2026.

"Ao longo deste ano o Banco Central deve continuar cortando a taxa de juros e com isso gradualmente as pessoas se interessem em comprar um imóvel . E isso pode ajudar lá na frente a baixar, em 2025 ou em 2026, (o valor do aluguel). Isso porque mesmo aqueles cortes que aconteceram lá atrás demoram de seis a nove meses para vermos os efeitos", conclui Braz, do FGV Ibre.

Veja também

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor
Taxa de juros

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed

Newsletter