Recursos de R$ 500 milhões para descontos em "carro popular" devem se esgotar em um mês, diz Anfavea
Entidade que representa as montadoras se manifesta por aumento dos incentivos tributários
Os R$ 500 milhões oferecidos pelo governo para os descontos no programa de carro popular devem se esgotar em um mês e beneficiar entre 100 mil e 110 mil unidades, com desconto médio de R$ 4,5 mil a R$ 5 mil por veículo.
Os cálculos foram apresentados pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa as montadoras, que prevê a volta do consumidor às concessionárias a partir desta terça-feira (6). A Anfavea se manifestou favorável a uma ampliação dos R$ 500 milhões do programa.
"Seria interessante que o governo entendesse a importância da geração de tributos com essas vendas e pudesse ampliar os R$ 500 milhões do programa", disse Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, que lembrou que o programa tem duração de 4 meses ou o esgotamento dos recursos oferecidos pelo governo.
Ele disse que o programa ajuda no desenvolvimento de um mercado que estava em marcha lenta para o consumidor, especialmente pessoa física.
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"Cria-se um ambiente favorável ao aumento de vendas nesse segmento", acredita o presidente da Anfavea, que disse que a indústria está pronta para atender a demanda.
Para caminhões e ônibus a Anfavea ainda não concluiu os cálculos de quantas unidades a mais podem ser vendidas ou em quanto tempo os benefícios tributários (R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus) serão consumidos. Um estudo da Anfavea mostrou que há pelo menos 4 anos, o país tinha pelo menos 45 mil caminhões com mais de 25 anos de idade rodando.
Márcio de Lima Leite lembrou que, no aguardo das medidas, o estoque de veículos nas concessionárias e nas fábricas aumentou de 206,1 mil unidades para 251,7 mil unidades, o equivalente a 43 dias de vendas. Desse estoque, pelo menos 115 mil se enquadram nas regras do programa do governo e podem receber descontos. Só nas concessionárias, há 45 mil veículos estocados.
A produção de maio cresceu 27 saltando de 179 mil unidades em abril para 228 mil em maio, com retorno de fábricas que estavam paralisadas e a expectativa do anúncio das medidas de estímulo ao setor. Já as vendas, que crescera 13% nos primeiros quinze dias de maio, encolheram 16% na segunda quinzena do mês com os consumidores à espera dos descontos.
Márcio prevê uma volta dos consumidores às concessionárias já a partir desta terça, considerando que as montadoras já estão mandando novas tabelas com redução de preços às revendas. Ele disse que a estratégia de marketing será fundamental para atrair esse consumidor interessado nos carros mais baratos, já que se uma montadora não usar os descontos "outra vai usufruir". Ele prevê uma disputa pelo consumidor que ficou esperando o anúncio das medidas.
Em nota, a Volks informou que a partir desta terça-feira, todas as concessionárias estarão prontas para aplicar os preços já reduzidos. Além disso, a Volkswagen vai expandir a oferta e oferecerá bônus de até R$ 5 mil ou taxa zero aos seus clientes, informou a montadora.
Questionado se os descontos podem superar os limites estabelecidos pelo governo (de R$ 2 mil a R$ 8 mil), o presidente da Anfavea disse que cada montadora faz sua política de preços, mas lembrou que os chamados modelos de 'entrada' têm as menores margens de lucro para as montadoras — e em alguns casos o lucro fica próximo de zero.
Lima Leite disse que o governo não deu garantias sobre o recebimento dos créditos tributários. Existem R$ 40 bilhões de créditos acumulados no setor automotivo no Brasil, que as montadoras vêm discutindo sobre como utilizá-los. Boa parte é referente ao ICMS, um imposto estadual.
A Anfavea avalia que o programa é pontual e que o cenário macroeconômico já aponta para mudanças. As taxas de juro de longo prazo, por exemplo, já vêm caindo - o que sinaliza que a Selic poderá ser reduzida.
"Naturalmente as coisas se desenham para um cenário melhor. Não acredito (que o programa) seja permanente. Não há discussão sobre isso", afirmou.
Alckmin mostra otimismo
O vice-presidente Geraldo Alckmin, participou da coletiva da Anfavea, e disse que a MP com as regras do desconto já está valendo. Ele afirmou que está otimista com a resposta dos consumidores e que o programa visa a preservação do emprego e fortalecimento da indústria nacional.
"É um programa inteligente, que leva com conta questão ambietal, produçaõ naiconal e preços, já que o veiculos mais barato terá o maior desocnto. No caso dos caminhões, vamos retirar das ruas veículos velhos que emitem até 23 vezes mais poluentes que um novo. Vamos beneficiar o transporte urbano, suburbano, transporte de carga e coletivo", disse Alckmin.