Redução do auxílio emergencial não vai diminuir demanda na economia, diz secretário de Guedes
Adolfo Sachsida afirma que as pessoas voltarão a trabalhar e gerar renda com a redução das medidas restritivas nas cidades
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta sexta-feira (30) que a redução do auxílio emergencial não deve provocar uma queda de demanda na economia.
Na avaliação do secretário, com a diminuição das medidas de restrição e isolamento nas cidades, as pessoas voltarão gradativamente a trabalhar e gerar renda.
"Eu vejo algumas pessoas falando que o auxílio emergencial reduziu e a demanda vai cair, não é o meu entendimento", disse.
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A última prorrogação da assistência, válida até dezembro deste ano, reduziu o valor do benefício de R$ 600 para R$ 300.
"O auxílio emergencial começou a ser pago porque as pessoas não podiam trabalhar, era uma medida de combate à pandemia. À medida que as restrições de movimentação social diminuem, as pessoas voltam a trabalhar, a gerar produção e gerar renda", afirmou.
De acordo com o secretário, monitoramento da pasta indica que o nível de distanciamento social nas cidades está se aproximando ao patamar observado antes da pandemia. Segundo ele, as projeções da secretaria apontam que em dezembro esse indicator alcançará o padrão pré-crise.
O fim do auxílio em dezembro vem gerando divergências no governo. A ideia inicial era aprovar até o fim do ano uma ampliação do Bolsa Família. Com isso, o auxílio emergencial acabaria, mas o novo programa social teria mais beneficiários e maior valor.
No entanto, não há consenso sobre a fonte de financiamento do programa. A equipe econômica defende que sejam consolidadas ações existentes hoje, como o abono salarial, espécie de 14º salário pago a trabalhadores que recebem até dois salários mínimos. A ideia foi rejeitada pelo presidente Jair Bolsonaro.
A equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) também defende a retirada de amarras do Orçamento, o que abriria espaço para novos gastos. A medida permitiria, por exemplo, um congelamento de aposentadorias, plano também descartado por Bolsonaro.
O programa chegou a ser anunciado usando como fonte a limitação dos pagamentos de precatórios, dívidas do governo reconhecidas na Justiça. Diante de críticas, a proposta acabou abandonada.
De acordo com Sachsida, ainda restam R$ 138 bilhões em recursos do governo que serão injetados na economia até dezembro, com o restante do auxílio emergencial e pagamentos de FGTS.
Para a retomada da economia, ele afirma que indústria e comércio lideraram os indicadores no terceiro trimestre e que o encerramento do ano deve ter protagonismo do setor de serviços.
Como fator usado para apostar nessa recuperação, ele afirma que o maior impacto da crise se deu no setor informal, que é mais dinâmico e deve retornar junto com o maior movimento nas cidades.
Após Guedes afirmar que o novo imposto aos moldes da CPMF está morto, o que inviabilizaria a desoneração da folha de salários, Sachsida disse que essa redução de encargos pode ser feita de outras maneiras.
Segundo o secretário, a folha salarial tem custos que não estão relacionados à arrecadação do governo. Ele não deu exemplos, mas a contribuição ao FGTS é uma das contas que pode ser reduzida, segundo estudos da equipe econômica.