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Redução do comércio exterior brasileiro tende a perdurar, diz secretário

Roberto Fendt afirma que países ficaram mais protecionistas na pandemia e que recuperação pode ser lenta

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt JuniorO secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt Junior - Foto: Flickr

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt Junior, afirmou nesta quinta-feira (12) que a redução do comércio exterior brasileiro observada neste ano tende a perdurar, com recuperação lenta.

A avaliação diverge de declarações do ministro Paulo Guedes (Economia), que aposta nas exportações brasileiras como fator para segurar a retração do PIB (Produto Interno Bruto).

Em evento promovido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil, Fendt afirmou que a pandemia criou pressões protecionistas no mercado internacional. Ele, então, apresentou um panorama para o Brasil.

"Com a queda de demanda dos países de destino e desvalorização da moeda brasileira, devemos observar uma redução do comércio -tanto do lado das exportações, quanto das importações- que tende ainda este ano a perdurar, tendo em vista que as circunstâncias que determinam o crescimento dessas duas variáveis vai mudar muito lentamente", disse.

De acordo com o secretário, 2020 deve ser encerrado com um saldo positivo de US$ 55 bilhões na balança comercial. O dado, no entanto, será motivado por um recuo nas exportações e uma queda ainda mais forte nas importações.

Pela estimativa do Ministério da Economia, as vendas de produtos brasileiros ao exterior deve cair 6,5% neste ano. A importação, por sua vez, deve retrair 12,5% no mesmo período.

Fendt ressaltou que embora o Brasil seja uma das dez maiores economias do mundo quando se avalia a paridade de poder de compra, o país tem desempenho muito inferior quando se observa a corrente de comércio.

Segundo o secretário, o Brasil apenas está melhor do que países como Cuba, Sudão e Turcomenistão quando se avalia o indicador de importação sobre PIB. "Não estamos em companhia de economias florescentes, economias de desempenho acentuado", afirmou.

Desde o início da pandemia do coronavírus, Guedes vem afirmando que as exportações do Brasil foram pouco afetadas pela pandemia do coronavírus.

Em agosto, ele disse que o impacto da crise sanitária nas vendas do país ao exterior foi "praticamente zero". Ele destacou que as exportações caíram para Estados Unidos e Europa e cresceram fortemente para a Asia. "Lá está o grande vetor de crescimento do mundo", disse Guedes na ocasião.

Os dados mostram, no entanto, que o crescimento das vendas aos asiáticos não compensou as perdas sofridas em outras regiões.

Em outro ponto de deterioração da balança comercial, o crescimento das exportações vem ocorrendo com produtos agropecuários, enquanto há recuco das vendas de bens industrializados e com maior valor agregado.

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