Reforma Tributária: parecer do relator está em fase final e votação será em dezembro
Eduardo Braga deve incluir mudanças para Zona Franca de Manaus e retomar imposto para armas
O parecer da regulamentação da Reforma Tributária no Senado está em fase de finalização. O relator, Eduardo Braga (MDB-AM), passou os últimos dias reunido com os consultores técnicos na Casa para afinar o texto. Na próxima terça-feira, Braga deve apresentar uma versão para o ministro da Fazendo, Fernando Haddad. A votação da proposta, porém, deve ocorrer tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quanto no plenário do Senado, na semana do dia 10 de dezembro, de acordo com a previsão do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
— A prioridade é a regulamentação da reforma tributária. Apreciado na CCJ, a reforma tributária será imediatamente apreciada pelo plenário. Não será semana que vem, deve ser na outra.
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Eduardo Braga (MDB) quer acrescentar no texto de regulamentação da Reforma Tributária uma isenção no pagamento de CBS, a futura Contribuição sobre Bens e Serviços, que será a parte federal do novo tributo sobre consumo unificado, para produtos comercializados dentro da Zona Franca de Manaus. Hoje, o texto que veio da Câmara dos Deputados permite a isenção de CBS para quem está na Zona Franca e compra produtos de fora do local, mas não para a revenda local.
Braga explicou que se um produto for comprado por uma empresa da Zona Franca, de outras empresas de fora, a companhia consegue uma alíquota zero de CBS, mas se a mesma empresa que comprou com isenção for revender o produto dentro da Zona Franca, seria aplicado o imposto para o consumidor final. Para ele, isso pode causar uma distorção e levar consumidores a comprarem direto de empresas de fora da Zona Franca, pelo meio virtual, por exemplo.
— Hoje, na proposta que veio da Câmara, quem compra de fora tem a alíquota zero, mas ele não se credita, e na hora que ele vende, tem que pagar tudo. A diferente vai ser o seguinte, se você comprar um fogão de um varejista da Zona Franca, ele vai ser 7% mais caro do que um fogão comprado nas Casas Bahia, via comércio eletrônico. Se não for aprovada (a mudança no texto), são 300 mil empregos perdidos — disse o relator.
Integrantes do Ministério da Fazenda afirmam que hoje os comércios locais conseguem a isenção de PIS/Cofins para revenda ao consumidor final por meio de processos judiciais, mas o benefício não era inicialmente previsto em lei. Os técnicos, no entanto, entendem a preocupação dos parlamentares com possíveis distorções entre comércios locais e nacionais e afirmam que a definição será política.
— Não é uma nova isenção. Hoje já existe o benefício. Se acabar com os benefícios que o comércio tem hoje, terão dois impactos: um aumento no custo de vida real no estado do Amazonas, de 7%; ou só o comércio local vai desaparecer e todo mundo comprar de varejistas de fora do Amazonas — afirmou Braga.
Eduardo Braga ainda defende a retomada do imposto seletivo para armas e munições. O trecho foi retirado pela Câmara dos Deputados por meio de uma emenda de plenário.
Como a tramitação começou entre os deputados, o texto terá de voltar para a análise final da Câmara, após mudanças. A Reforma Tributária unifica os cinco impostos sobre consumo existente hoje: PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI, dando lugar ao IVA (Imposto sobre Valor Agregado). No caso de produtos industrializados da Zona Franca, porém, o IPI continuará incidindo sobre similares produzidos em outros locais do país, ou importados.