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Arcabouço fiscal

Regra fiscal: "traidores" do PL são cobrados por voto pró-Lula, e rebeldia do PSOL irrita petistas

PSOL e Rede votaram contra a proposta do governo. O PP, de Arthur Lira (AL), entregou 33 votos favoráveis. No PL, de Jair Bolsonaro, um terço da bancada presente foi a favor

Yury do Paredão (PL-CE) votou favoravelmente ao Governo Lula e foi chamado de traidorYury do Paredão (PL-CE) votou favoravelmente ao Governo Lula e foi chamado de traidor - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Principal partido da oposição e maior bancada da Câmara, o PL ajudou o governo ao aprovar a urgência do arcabouço fiscal, pauta prioritária do Palácio do Planalto. O posicionamento — um terço da bancada do partido presente em plenário endossou o avanço do texto — irritou a militância bolsonarista, e a cúpula da sigla já atua para conter as fissuras.

Na ponta oposta do quadro ideológico, a federação que reúne Rede e PSOL — cada partido tem um ministro na Esplanada — votou maciçamente contra o Palácio do Planalto, o que gerou cobranças de uma ala do PT, que vê necessidade de o deputado Guilherme Boulos (SP) fazer gestos ao centro para ter o apoio do partido na corrida à prefeitura de São Paulo no ano que vem.

O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou 29 votos favoráveis à urgência e 59 contrários — o patamar de aprovação foi considerado alto na Câmara para uma sigla que se opõe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cuja liderança orientou para o voto ‘não’.

Há um grupo do PL que se identifica mais com o Centrão do que com os discursos da extrema-direita e não esconde que votará com o Planalto sempre que concordar com as propostas.

— O controle dos gastos públicos é fundamental para impulsionar o crescimento econômico, gerando mais empregos, reduzindo os juros e promovendo inclusão social. Apoio o novo regime fiscal, mas fico atento a possíveis aumentos de impostos — justificou o deputado Yury Do Paredão (PL-CE).

O parlamentar foi atacado por bolsonaristas nas redes sociais e chamado de traidor. Luiz Carlos Motta (PL-SP) também foi outro deputado que votou favoravelmente à urgência. Ele negou que o partido tenha feito cobranças.

— Nossa bancada é muito grande. É difícil ter unidade. As pautas da direita conservadora serão sempre pautas em que o partido vai cobrar unidade, como de costumes. Mas tem questões que deputados entendem diferente. Muitos deputados acharam que as modificações no texto do arcabouço foram satisfatórias. Precisamos ter respeito pelos mandatos. Não é o caso de fecharmos questão — afirmou ao Globo líder do PL, Altineu Côrtes.

Posição do PSOL irrita PT
A federação que une PSOL e Rede, por sua vez, apresentou 12 votos não e nenhum sim. O posicionamento azedou a relação com os petistas, mas não surpreendeu integrantes da equipe econômica. Sob reserva, eles afirmam que a legenda “não tem vocação para governar nem conciliar”.

Os governistas ainda pontuaram que se o texto for aprovado mesmo sem a ajuda do PSOL, mostrará que o projeto tem mais força do que o imaginado.

Lideranças do PT afirmam que a aliança para lançar Guilherme Boulos (PSOL-SP) à prefeitura de São Paulo em 2024 pode estar sob risco se a legenda insistir no voto contra o arcabouço fiscal também no mérito.

Diante do mal-estar, um petista ainda lembrou que na mesma semana em que o atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB-SP) fez um gesto de apoio à reforma tributária, Boulos votou contra a urgência do principal projeto do governo até agora.

— A atuação no Congresso não está diretamente atrelada a acordos eleitorais, mas acho que se o Boulos votar contra a proposta do Regime Fiscal Sustentável, ele perde uma oportunidade de se apresentar como uma liderança que dialoga ao centro. Quem participa do governo tem todo direito de discordar e discutir as matérias enviadas, mas na hora do voto acho desnecessário fechar questão, podiam pelo menos liberar os deputados para votar como acham melhor — disse o deputado federal Kiko Celeguim (SP), presidente do PT no estado de São Paulo.

Já o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, minimizou os impactos políticos da votação na Câmara.

— Não acredito que uma votação seja suficiente para comprometer eventuais alianças em 2024. Ninguém vai votar sempre junto, isso faz parte da dinâmica do Parlamento. A bancada do PSOL gostaria de ter mais tempo para discutir propostas ao texto. As mudanças feitas pelo relator pioraram a proposta do governo, por isso votamos contra a urgência, porque queríamos ter a oportunidade de apontar aquilo que nos parecia problemático — afirmou.

O partido afirma ainda que o relator da matéria, Cláudio Cajado (PP-BA), não os chamou para debater o texto. O parlamentar negou e disse que deputados do PSOL participaram dos debates na liderança do governo.

Já o PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), recompensou o Planalto com 33 votos sim e apenas 5 não. Nas últimas semanas, o governo Lula atendeu a pedidos de aliados de Lira para liberação de emendas e destravou o pagamento para parlamentares.

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