Logo Folha de Pernambuco

Marco Fiscal

Relator do arcabouço no Senado critica fala de Rui Costa, mas mantém fundo do DF dentro das travas

Senador Omar Aziz disse que não vai mudar o conceito do arcabouço

Senador Omar Aziz (PSD - AM)Senador Omar Aziz (PSD - AM) - Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

O senador Omar Aziz (PSD-AM), relator do marco fiscal na Casa, reprovou as falas do ministro da Casa Civil, Rui Costa. O petista reclamou de Brasília na última sexta-feira e a chamou de "Ilha da Fantasia".

Um dos panos de fundo das declarações de Costa envolve a inclusão do fundo de financiamento do Distrito Federal nos limites de gasto do novo arcabouço fiscal. O governo federal quer deixar os limites para o fundo, já a bancada do DF pressiona para manter como é hoje. No entanto, o relator afirmou que vai manter o fundo dentro dos limites, assim como foi aprovado pela Câmara.

– Isso não reflete o pensamento do presidente Lula e nem do governo (as críticas à Brasília). É uma opinião pessoal dele (Costa). Eu, como ministro do presidente Lula, não daria uma declaração dessa – declarou Aziz ao Globo.

Ainda que discorde das falas de Costa contra Brasília, Aziz afirmou que não pretende atender aos pedidos da bancada do DF em relação ao fundo.

- Isso é uma questão de conceito. Não pode, por causa da declaração de A ou B, mudar o conceito do arcabouço porque o cara falou isso. Se não, vamos ter que mudar toda hora.

A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), é outra a criticar as falas do ministro. Ela, no entanto, quer que o fundo seja excluído dos limites do arcabouço. O tema está sob análise da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

– O Senado não se pautará por opiniões pessoais de um ministro que desconhece o DF. Acredito no bom senso dos senadores para discutir o tema. Tanto que os próprios parlamentares do DF do PT fizeram duras críticas à fala do ministro, mostrando o isolamento dele sobre o tema – disse Celina.

As críticas do ministro da Casa Civil a Brasília reforçaram a indisposição do Congresso com o petista. As falas tiveram forte reação de políticos e parlamentares e extrapolaram a bancada da capital federal.

A cúpula do Congresso, principalmente na Câmara, está há bastante tempo reclamando de Costa e citando ele como uma das razões para desarticulação do governo. Há uma avaliação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e de deputados aliados, que o ministro não é aberto para o diálogo e age no governo de uma forma centralizadora.

Na última sexta-feira, Costa disse que a capital federal “é difícil porque fazer o certo, para muitos, está errado e fazer o errado, para muitos, é que é o certo na cabeça deles”. Também chamou Brasília de "Ilha da Fantasia" e sugeriu que a capital do país fosse mudada para cidades do Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo ou Minas Gerais.

As falas, na visão de parlamentares, verbalizam a forma como ele já havia agindo. Congressistas reclamam que não têm suas demandas atendidas e que, muitas vezes, indicações para cargos travam na análise técnica da Casa Civil. Rui Costa nega essa avaliação e tem dito que demora em média 48 horas para analisar as demandas de cargos.

Como forma de amenizar a situação, Costa recebeu no Palácio do Planalto o empresário Paulo Octávio e seu filho André Kubitscheck, bisneto de Juscelino Kubitschek, ex-presidente que determinou a criação de Brasília e seu uso como capital federal.

Não é apenas Costa que é alvo dos parlamentares. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também tem sido objeto de críticas do Congresso por não atender a pedidos de cargos e emendas. Em ambos os casos, há cobranças para a saída dos ministros. O governo, no entanto, resiste a fazer as trocas.

O líder do Solidariedade na Câmara, Áureo Ribeiro (RJ), declarou que Rui Costa "não resolve" as demandas.

– Se o governo estivesse bom, não tinha crise. Existe crise porque tem alguns problemas. Ele (Costa) é um dos problemas que precisa ser tratado e consertado – declarou.

Na Câmara, Lira já avisou que vai travar as pautas de interesse do governo enquanto as demandas da Casa não forem atendidas.

– Ele (Costa) não tem relação com o parlamento, é muito mal relacionado com o parlamento brasileiro. Tem reclamação dele até com os próprios companheiros do PT, deputados de outros estados (fora da Bahia), a turma da esquerda, está todo mundo questionando ele – afirmou o líder do Solidariedade.

Veja também

Wall Street sobe aliviada por resultados da Nvidia
BOLSA DE VALORES

Wall Street sobe aliviada por resultados da Nvidia

Petrobras vai pagar R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários
Petrobras

Petrobras vai pagar R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários

Newsletter