Logo Folha de Pernambuco

Automóveis

Renault vai separar negócio de veículos elétricos e terá parceria chinesa para carros a combustão

Nissan, montadora que integra aliança com montadora francesa, negocia fatia na nova unidade de automóveis movidos a eletricidade

RenaultRenault - Foto: Reprodução/ Internet

A Renault detalhou seu plano de reestruturação nesta terça-feira. Por ele, a companhia fará uma joint venture com a chinesa Geely que vai cuidar dos carros a combustão e híbridos da marca. E vai separar o negócio de veículos elétricos, que deve ser listado no mercado de ações na segunda metade do próximo ano.

Com a reestruturação, uma das mais radicais nos 124 anos de história da montadora francesa, o foco da Renault será primordialmente nos veículos elétricos.

A Nissan, que mantém uma aliança com a Renault há duas décadas, deverá participar da nova empresa com foco na eletrificação, que receberá o nome de Ampère, ao lado de outros investidores. A montadora francesa, no entanto, não forneceu um prazo para chegar a um acordo com a japonesa.

Na apresentação para investidores nesta terça-feira, a Renault informou que o negócio de carros elétricos deverá empregar cerca de 10 mil pessoas.

Os executivos esperam que a estratégia atraia investimentos, dando os meios necessários para que a montadora siga em frente com a dispendiosa transição do motor de combustão com a qual a indústria automobilística vem lutando e o desenvolvimento de tecnologias para veículos elétricos.

Além da Ampère e da divisão de motores de combustão e híbridos, a Renault está criando divisões para abrigar sua marca esportiva Alpine, seus ativos de serviços financeiros e um novo negócio de mobilidade e reciclagem. O presidente-executivo da Renault, Luca de Meo, lançou a ideia de abrir o capital da Alpine no futuro.

Papel da Nissan ainda não está claro
De acordo com a Renault, a joint venture com a chinesa Geely terá 17 fábricas e cinco centros de pesquisa e desenvolvimento, empregando cerca de 19 mil trabalhadores. A nova empresa criada a partir da parceria entre as duas companhias vai abastecer ambas as montadoras, que terão uma participação de 50% cada. A Renault espera concluir o acordo com a Geely no ano que vem.

A montadora chinesa é de propriedade do Zhejiang Geely Holding Group, que também detém a sueca Volvo.

Não está claro, no entanto, como a Nissan irá se encaixar na nova configuração dos negócios. Segundo fontes, a Renault reduziria sua participação na montadora japonesa dos atuais 43% para 15% ao longo do tempo. Em troca, a Nissan investiria de US$ 500 milhões a US$ 750 milhões na aquisição de uma fatia de cerca de 15% na Ampère, a nova empresa de veículos elétricos da Renault.

Vários fatores atrasaram o acordo entre as duas parceiras. Segundo o Wall Street Journal, um dos principais pontos de discórdia é a propriedade intelectual que pertence total ou parcialmente à Nissan e como ela pode ser transferida para o novo negócio de veículos elétricos da Renault.

Além disso, a montadora japonesa não quer que a tecnologia que desenvolveu com a Renault seja compartilhada com a chinesa Geely.

Sobre as discussões acerca de patentes com a Nissan, o presidente-executivo da Renault, Luca De Meo, disse que as conversas continuarão nas próximas semanas. Ele acrescentou que o grupo quer dar à aliança um futuro forte e uma "nova chance", mas ressaltou que a reestruturação da montadora francesa continuará avançando, independentemente do que a Nissan decidir:

"É importante para nós, mesmo em um casamento, ter nossos próprios hobbies e nossa própria vida. Meu trabalho é garantir que a Renault possa andar com as próprias pernas".

Aa mudanças na aliança, que ainda tem um terceiro parceiro, a também japonesa Mitsubishi, faziam parte dos planos de Carlos Ghosn, que comandava a parceria até ser preso em 2018, por suspeita de fraude. Ele escapou na prisão no Japão e hoje vive no Líbano.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter