Selic

Representantes da indústria e serviço dizem que queda da Selic foi 'acertada'

Para CNC, ciclo de redução da Selic vai ajudar na retomada do varejo; CNI espera que intensidade dos cortes acelere daqui para frente

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Os representantes da indústria e do setor de serviços, consideraram "acertada" a decisão do Comitê de Política Monetária de cortar em 0,5 p.p. a taxa básica de juros, nesta quarta-feira. Desde agosto do ano passado, o Banco Central vinha mantendo em 13,75% o patamar do índice que é referência para os juros no país.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), apesar da decisão correta do Comitê de reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros foi correta, o ciclo de cortes da Selic precisa ser acelerado daqui para frente. O presidente da Confederação, Robson Andrade, diz que, mantido o cenário de controle da inflação nos próximos meses, os cortes deveriam se intensificar.

"As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação”, afirmou Robson Andrade, em comunicado.

A redução já era esperada pelo governo e por economistas. No mercado financeiro, a dúvida era o tamanho da queda: de 0,25 (em que a Selic iria para 13,5%) ou 0,50 pp (com os juros a 13,25%, como aconteceu). Na última vez que o BC decidiu pelo de juros, o mundo ainda passava pela pandemia de Covid-19 e a Selic chegou à sua mínima histórica de 2%, há três anos.

Essa foi a primeira reunião do colegiado com os dois novos diretores indicados pelo governo Lula, Gabriel Galípolo, como diretor de Política Monetária, e Ailton Aquino, como diretor de Fiscalização.

Menos incertezas e volta do consumo

A Firjan, que representa a indústria no Rio de Janeiro, considera que a decisão do Copom de reduzir a taxa Selic está na direção correta, em um ambiente em que as incertezas têm se dissipado, com redução da percepção do risco inflacionário. A entidade ressalta, no entanto, que é "essencial a materialização do novo arcabouço fiscal e o avanço célere da reforma tributária" para que o ciclo de corte de juros seja permanente e sustentável.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) também considerou acertada a decisão Copom. Em comunicado, a entidade avalia que o início do ciclo de queda da taxa de juros "é um primeiro passo para um novo momento do varejo brasileiro" e diz que o movimento "vai aliviar o orçamento das famílias e das empresas", além de abrir espaço para o aumento do consumo

Economistas veem ritmo de queda em 0,5

O estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno, avalia que a decisão de reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual se deu em função da melhora dos índices de inflação, com deflação (queda de preços) no atacado e na melhora das expectativas. O ritmo de queda, segundo apontou o comunicado deverá ser 0,5 pp nas próximas reuniões, diz Rostagno.

— Eu esperava que a Selic chegasse a 12% no final do ano, mas acredito que agora ficará em 11,75%, dado a sinalização de queda de 0,5 pp. O avanço do arcabouço fiscal no Congresso e a presença de Gabriel Galípolo no comitê pode ter dado confiança ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, para essa baixa. Tanto, que até a citação de 'incertezas sobre a política fiscal' foi retirada do comunicado - disse Rostagno.

O estrategista afirma que o real deve se desvalorizar frente ao dólar e a curva de juros futuros deve sofrer ajustes. Para ele, o mercado deve ficar com a expectativa de queda de 0,5 e 0,75 pp na próxima reunião, mas um corte mais forte só seria possível com uma surpresa positiva na inflação, fazendo o Copom mudar seu ritmo. O início do ciclo de baixa deve se estender até que a Selic se aproxime de seu patamar neutro (entre 9% e 9,5%), segundo ele, até o próximo ano.

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