Restauração do Palácio do Comércio
Tombado pelo IPHAN, prédio histórico deve ser recuperado e transformado num equipamento turístico e cultural no Bairro do Recife
Um prédio centenário rico em história. Essa é a definição do Palácio do Comércio, sede da Associação Comercial de Pernambuco, no coração da Cidade do Recife, no Marco Zero. Construído em 1915,o edifício foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e um dos objetivos da ACP é transformar o espaço em um equipamento turístico, que possa atrair e gerar negócios para a economia recifense.
Segundo o presidente da Associação Comercial de Pernambuco, Tiago Carneiro, a entidade está em busca de recursos para que o Palácio do Comércio seja reformado e possa assumir a posição de polo cultural.
“A estrutura não nos atende porque é demais para uma gestão, já que é um palácio, um prédio muito grande. De um lado, não temos a necessidade de usar todo o espaço. De outro lado, temos um acervo rico de história, cultura, arte. Por isso, queremos entregar esse prédio como um equipamento cultural para a Cidade do Recife, explorando a história dos 183 anos da instituição”, disse Tiago Carneiro.
Na avaliação do diretor de patrimônio da ACP, Alexandre Barbosa, o principal entrave para as reformulações no espaço se dão por conta dos mais de 100 anos de existência. “Nossa maior dificuldade hoje em dia é a busca de recursos. Você restaurar um prédio como o da Associação não é simples. Precisa ser uma empresa especializada em restauro, cuja mão de obra não é barata. Temos um orçamento de restauro das 4 fachadas que está em torno de R$ 4 milhões, não basta só botar um andaime e pintar, preciso restaurar o que está soltando, usando a argamassa que foi utilizada na construção do prédio em 1915, conforme o termo de tombamento feito pelo IPHAN”, declarou o diretor.
Acervo cultural
Um dos principais destaques do Palácio são os vitrais originais. “Já conseguimos a restauração de vitrais. Temos 21 e recentemente foram restaurados 14 que estavam mais desgastados pelo tempo. Nosso acervo cultural é importante, a Associação Comercial acompanhava no início do século XIX tudo que saia do Porto do Recife, funcionando até como bolsa de negociações de açúcar, por exemplo. Temos um acervo com registros de carga, de navios, coleção de jornais originais, com data da fundação da associação até a década de 1940”, afirmou.
Um dos itens de grande destaque do Palácio é uma caneta utilizada por Dom Pedro II ao visitar o Recife em 1872, que ele usou para assinar o livro de ouro da Associação, que registra as autoridades que visitaram o local.
História da cidade
De acordo com Alexandre Barbosa, a reforma do prédio pode permitir que mais pessoas possam conhecer a história da cidade e da própria Associação. “Não seria importante só para a Associação essa reforma. Hoje conseguimos dar uma movimentação boa para o Bairro do Recife com a sede, mas o bairro precisa de uma reformulação. Abrimos o prédio para a visitação pública, com parcerias para a visitação com atores vestidos a caráter, recebendo o público e contando a história do Recife e da ACP”, disse.
“A intenção desse trabalho é reviver os tempos passados, dar movimentação ao bairro para que as pessoas visitem a área, e fazer com que nosso prédio perca o estigma de ser um simples casarão”, finalizou Barbosa.